quarta-feira, 14 de março de 2012

O que posso fazer para melhorar a agricultura portuguesa? O que está ao meu alcance individual?

José Martino
Um anónimo que se identificou como agricultor escreveu o seguinte:
"Sou agricultor desde sempre e fico pasmado com esta corrida á terra.
Esqueçam os fins de semana, feriados e férias. No que me toca não sei
o que é isso á vários anos. Será que as pessoas pensam que viver da
terra é tarefa facil?
Deixo aqui um desafio:
apontem o que podemos fazer para todos vivermos melhor da terra."
Aqui vai a minha resposta ao desafio lançado:
1 - Tem que analisar a sua exploração agrícola e verificar os seus
pontos fortes e fracos, bem como as ameaças e oportunidades.
2 - Deve comparar os resultados das suas atividades com as dos seus
colegas agricultores e reverificar quais são os pormenores que pode e
deve melhorar.

3 - Acha que só na agricultura é que não existem férias, fins de
semana, feriados? Tenho empresas de consultoria trabalho 14 a 16 horas
por dia, o meu descanso é feito nas tarde de domingo. Para ter sucesso
em qualquer negócio é preciso trabalhar de forma árdua e correr
riscos, não são exclusivos da agricultura.
4 - Noto que na agricultura a maioria das pessoas se acomodam muito,
não correm riscos para melhorar a dimensão, eficiência, eficácia na
atividade. Verifico que aqueles que se queixam mais são os que assumem
menores custos pessoais na estratégia da mudança. Pelo contrário, os
empresários agrícolas de sucesso não têm tempo para se queixarem,
ocupam o tempo a estudar estratégias alternativas e não têm medo de
mudar de atividade quando percebem que as suas atuais não t~em futuro
(como se diz na gíria "até os burros mudam")
5 - Há corrida à terra porque o cidadão comum percebeu, esta é a sua
perspetiva, que na agricultura pode ter uma atividade profissional
interessante porque o povo precisa de comer e se Portugal falir, o que
na minha opinião irá acontecer entre 2012 e 2013, pelo menos não
passará fome. Há muitos que irão ter insucesso, mas outros mudarão a
face da agricultura portuguesa.
6 - A opinião pública, os responsáveis políticos de topo e
intermédios, os dirigentes associativos, agricultores, etc. têm de
interiorizar que o sucesso da agricultura de mercado passa pelo
empreendedorismo e pelo incremento do peso das empresas na produção
agrícola. É determinante que a dimensão das explorações seja igual ou
superior ás economias de escala das atividades (dimensão da atividade
que gera custos fixos mais baixos).
7 - A agricultura de serviços públicos tem que ser mantida pelos
subsídios da União Europeia e do Estado Português. Todos temos que
batalhar para que os agricultores e o seu agregado familiar tenham uma
vida digna, que as suas casas tenham comodidades minímas e
salubridade. Os agricultores não podem ser cidadãos de 2.ª categoria
tal como acontece nos dias de hoje.
8 - Para todos vivermos melhor da terra cada um de nós tem que ser
massa critica, saber o que se deve fazer para melhorar a agricultura,
tornado-a uma atividade económica rentável. Aqui ficam registadas as
minhas ideias:
a) - Fazer com que o ministério da agricultura tramite dentro dos
prazos legais os processos burocráticos, sejam projetos ProDeR,
licenças, pagamentos de ajudas ,etc. O que podemos fazer? Falar com os
responsáveis do serviço sempre que detetarmos uma anomalia. Se
persistir escrever à tutela. Se continuar, utilizar os meios de
comunicação social.
b) Empenharmo-nos para que o banco público de terras avance de forma
eficiente e eficaz para podermos aumentar a dimensão das nossas
explorações agrícolas. O que está ao nosso alcance? Assinar a petição
pública sobre este assunto que está na net. Escrever sobre o banco de
terras no sitio da internet do ministério da agricultura. Quando
avançar no terreno publicitar o que funciona bem e denunciar
publicamente as suas falhas e estrangulamentos
c) Conhecer e mostrar os casos de sucesso na agricultura, imitando-os
para melhorar a nossa atividade. Por outro lado, mostrá-los através da
comunicação social para motivar e prestigiar a agricultura como setor
importante da economia portuguesa.
d) Pressionar os políticos para fazerem o cadastro dos prédios
rústicos através da declaração voluntária junto com o IRS, aos mesmo
tempo que legislem para quem não o fizer durante dois anos perca a
propriedade a favor do Estado, sendo a obirgação deste colocá-los no
mercado através de hasta pública.
e) Levar o ministério da agricultura a legislar para que as heranças
indivisas de prédios rústicos que não façam partilhas até dois anos,
percam as propriedades a favor do Estado, este promove a venda por
hasta pública, desconta os impostos e paga o montante sobrante aos
herdeiros.
f) Pressionar o govern para que crie na CGD um crédito tipo habitação
para a agricultura, empréstimos de longo prazo atribuidos de acordo
com o IRS do agregado familiar, com hipoteca do imóvel. Este crédito
destina-se a compra de propriedades rústicas, pagamento de tornas a
co-herdeiros ou investimentos estruturais de longo prazo na exploração
agrícola.
http://josemartino.blogspot.com/2012/03/o-que-posso-fazer-para-melhorar.html

2 comentários:

Anónimo disse...

O senhor percebe pouco de agricultura pelos vistos.
Nem deu para ler tudo. Mas quem não compreende que a diminuição do risco na agricultura é um objectivo plausível e não uma resistência à mudança não pode esperar que lhe prestem atenção. O risco é a companhia mais comum da actividade agrícola e qualquer agricultor incorre neste quer queira quer não.
As pessoas não estão a correr para a terra. Só falam nisso. Mais cedo saem do país do que arriscam ir para o campo afundar o seu dinheiro à espera que o país entre em falência. Hoje em dia comer é só mais uma necessidade, preste atenção.

Anónimo disse...

Concordo plenamente. As pessoas só estão a regressar à terra, porque estão desesperadas. Grande parte deles, vai abandonar a actividade dentro de pouco tempo, depois de verem que não nasceram para serem agricultores!!! Nada sabem de agricultura, pensam que isto de agricultura é uma coisa de brutos, logo é fácil! A febre dos mirtilos vai terminar dentro de pouco tempo, tal como a das aromáticas, o mesmo já se passou noutras alturas com outras culturas. O grande negócio está na venda, instalação das culturas e elaboração dos projectos. Alguém de facto está a encher os bolsos..... O QUE FAZ FALTA, É UMA POLITICA DE BASE PARA A REFORMA DA NOSSA AGRICULTURA, LIDERADA POR ALGUÉM COM VISÃO ESTRATÉGICA...

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