domingo, 6 de maio de 2012

Vinhos abrem guerra com Brasil

6 de Maio, 2012por Sara Ribeiro

A decisão do Governo brasileiro de aumentar as taxas de importação dos
vinhos, nomeadamente portugueses, está a semear a discórdia no sector.
A semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros foi ao 'país
irmão' e levou o tema na mala. Além de Paulo Portas, têm sido várias
as vozes que se opõem a esta medida, tentando que o Executivo de Dilma
Roussef volte atrás.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, também já mostrou o seu
descontentamento. Numa entrevista à revista brasileira Veja disse que
«o proteccionismo, por mais que pareça dar oportunidades imediatas aos
grupos nacionais, é pouco eficiente a médio e longo prazo».


A publicação no Diário Oficial da União, a 15 de Março, de uma
circular da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) a determinar a
abertura de uma investigação para averiguar a necessidade da
introdução de medidas de salvaguarda sobre as importações brasileiras
de vinhos, provocou um sobressalto nas relações entre os vários
agentes do mundo vinícola europeus e brasileiros.

Quando a medida for implementada, os champanhes e vinhos fortificados,
que são taxados a 20%, vão passar a pagar 35%. E os vinhos finos, que
pagam imposto de importação de 27%, passam para 55%.

O Brasil é o quarto maior destino de exportação de vinho português e,
como tal, «é óbvio que qualquer agravamento de impostos trava o
crescimento», lamenta Jorge Monteiro, presidente da Viniportugal. O
responsável considera que «mais grave é o facto de o agravamento, de
que se fala, distorcer claramente regras de concorrência». Esta
proposta não se aplicará aos países do Mercosul, em particular à
Argentina (2º fornecedor do Brasil, a seguir ao Chile), nem se
aplicará ao Uruguai, «países que verão as suas exportações para o
Brasil crescer, em prejuízo da Itália, Portugal, França e Espanha»,
acrescenta.

Posições extremas

Mas não é só Portugal que vai 'sofrer' com a medida. E os ecos já
surgem em toda a Europa contra a iniciativa. Por exemplo, várias
associações francesas já ameaçaram levar o caso a Bruxelas.

Mesmo dentro do Brasil são vários os que se opuseram à Secex. No mês
passado, o senador Vital do Rego entregou um projecto de lei com vista
à «Isenção do Imposto de Importação aos produtos classificados na
posição 22.04 da Nomenclatura Comum do Mercosul, originários e
procedentes de Portugal». A reunião para a votação desta posposta foi
marcada para dia 27 de Março. O SOL contactou o governo brasileiro
para saber o resultado da votação, mas não obteve resposta em tempo
útil.

Frederico Falcão, presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV),
entidade do ministério da Agricultura, esclarece que «a proposta do
senador Vital do Rego, ao que sabemos, não foi aprovada e não temos
ainda conhecimento sobre a votação na Câmara de Deputados Federal». O
IVV também se juntou ao manifesto e entregou, no dia 23 de Abril, uma
contestação formal ao pedido de abertura de inquérito das Entidades
Oficiais Brasileiras.

sara.ribeiro@sol.pt

http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=48669

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