domingo, 22 de julho de 2012

Nova crise alimentar pode estar à espreita

20 Julho 2012 | 13:30
Carla Pedro - cpedro@negocios.pt

Preços do milho e da soja estão em máximos históricos e os do trigo
também estão a disparar.
Depois da crise alimentar de 2007-2008, que se propagou a todo o
mundo, gerando protestos e tumultos sociais em mais de 30 países –
como a "pasta strike" em Itália e os "motins da tortilha" no México –,
começa agora a espreitar uma nova ameaça. Desta vez devido à pior seca
em 50 anos vivida nos Estados Unidos e que já fez com que os preços do
milho e da soja disparassem para máximos históricos.


Com efeito, as cotações destas duas matérias-primas agrícolas
superaram os valores do auge da crise de 2007-08 e estão agora em
patamares nunca antes vistos, alerta o "Financial Times" na sua edição
de hoje.

O preço do trigo não está ainda em recordes, mas já encareceu mais de
50% em cinco semanas, superando o nível atingido após a proibição das
exportações russas deste cereal em 2010, sublinha o jornal britânico.

"Estou bastante preocupado com as recentes subidas dos preços das
matérias-primas alimentares, atendendo às suas potenciais implicações,
nomeadamente para os mais vulneráveis e mais pobres, que gastam 75%
dos seus rendimentos em comida", comentou ao "Financial Times" o
director-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação (FAO), José Graziano da Silva – que se encontra neste
momento em Maputo (Moçambique) na reunião dos países da CPLP.

Graziano da Silva disse ao jornal que a FAO irá agenda uma cimeira
intergovernamental antes do final de 2012 para debater a questão da
segurança alimentar se a situação das colheitas afectadas pela seca
nos EUA se deteriorar.

Cotações a subir

Os preços do milho atingiram o máximo histórico de 8 dólares por
alqueire. Há 10 anos, recorda a Reuters, a cotação era de 2,28
dólares.

A soja, por seu lado, superou pela primeira vez a fasquia dos 17
dólares por alqueire.

"Tenho alguma relutância em usar em usar a expressão 'crise
alimentar'. No entanto, as circunstâncias são agora mais severas do
que em 2008", sublinhou à Reuters um 'trader' de 'commodities'",
Dennis Gartman.

Contudo, refere a agência noticiosa, os principais ingredientes da
crise de 2007-2008 - escalada das cotações do petróleo para máximos
históricos e escalada do preço do arroz na Ásia – não estão ainda em
cena.

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