domingo, 23 de setembro de 2012

Agricultores em defesa da produção nacional

Centenas de agricultores marcharam hoje, desde a estação ferroviária
de Aveiro até a feira agrícola Agrivouga, em protesto contras as
políticas agrícolas do atual e anteriores governos.
16:13 Sexta feira, 21 de setembro de 2012


Centenas de agricultores marcharam hoje, desde a estação ferroviária
de Aveiro até a feira agrícola Agrivouga, em protesto contras as
políticas agrícolas do atual e anteriores governos e apelando ao
consumo de produtos nacionais.

Envergando cartazes com as palavras "A seca é só nossa", "Parem de
sugar o povo" ou "Não a tanta importação, sim à produção", os diversos
agricultores contactados pela Lusa insurgiram-se, sobretudo, contra a
falta de apoio a quem mais produz.

"As pessoas não são incentivadas a produzir, porque o preço à produção
é cada vez mais irrisório e todos os fatores da produção, seja adubos,
seja sementes, seja gasóleo, aumentam cada vez mais", disse à Lusa
João Sousa, dirigente da Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro
(ALDA).

"Há cada vez menos rendimento para os agricultores, daí o abandono da
agricultura familiar", lamentou o dirigente, considerando que "é
preciso dar a possibilidade às pessoas para produzirem como produziam
no passado e escoar [a produção] e não importar".

"Não só estamos a prejudicar a nossa economia como estamos a mandar
dinheiro para o estrangeiro", disse João Sousa. Em representação do
Partido Comunista Português (PCP), a eurodeputada Inês Zuber disse à
Lusa estar "solidária, porque esta manifestação é demonstrativa não só
da vontade que os agricultores têm em continuar a produzir, mas também
da capacidade que Portugal tem para produzir os seus próprios
recursos".

"Não somos um país pobre, temos potencial para aumentar a nossa
capacidade alimentar muito mais do que existe hoje, que é apenas cerca
de 20 por cento das nossas necessidades", disse a eurodeputada".

Para o presidente da Associação de Agricultores da Guarda (AAG),
António Machado, "a política agrícola que é aplicada em Portugal é um
desastre", pelo que. em declarações à agência Lusa, quis "lançar um
apelo à ministra da Agricultura", Assunção Cristas, para que pare "de
dar dinheiro a quem nada produz." "Os milhões e milhões de euros que
vieram da Comunidade [Europeia] foram dados a pessoas, na área da
agricultura, que só têm a terra. Mas um agricultor não é aquele que
tem terra, é aquele que nela produz. E é a esse que é preciso dar
ajudas", disse à Lusa António Machado.

Com 84 anos de idade, o presidente da AAG garantiu à Lusa lembrar-se
bem "dos anos 1930 e 1940, em que metade da população portuguesa
passava fome." "Hoje já estamos [em situação] igual. São milhões de
portugueses a passar fome e damo-nos ao luxo de batermos o recorde da
Comunidade em terras abandonadas. Isto não pode continuar assim".



http://expresso.sapo.pt/agricultores-em-defesa-da-producao-nacional=f754909

1 comentário:

Anónimo disse...

Muitas são as maneiras de ver a situação da agricultura em Portugal.
Toda a argumentação acima é pertinente e cheia de razões e verdades.
Estranho é que essa situação me acompanhe ao longo de mais de 60 anos sem que se acerte o passo do que deve ser feito.
Vejamos alguns aspectos que podem nos orientar:
Nos anos 30 e 40 passava-se fome em Portugal e toda a candonga vinda da Espanha era bem vinda, ainda que a Guarda Nacional Republicana tudo fizesse para a exterminar. Não sei o que estava certo mas matava-se a fome, e matavam-se candongueiros na clandestinidade.
Séculos atrás, nossos Reis desancavam quem não lhes pagasse os impostos para sustento dos exercitos que nos desancavam. Era este o incentivo para ficar vivo: pagar as favas que os reis e suas armas comiam.
Mais recentemente paga-se aos espertos para que não trabalhem e assim constróem argumento imbativel para que se autorizem importações, já que as terras desses espertos estão improdutivas e assim continuarão para receberem as ajudas vergonhosas e lucrativas, um pouco á maneira de Plano Marshalzinho para vigaristas preguiçosos e espertos, muito espertos.
Nesta sarabanda, quem fica chorando ,por enquanto , é o pequeno agricultor que mais não sabe fazer, por enquanto, que chorar, e dizer que isto assim não pode ser.
Talvez falte pouco para que se saia do por enquanto e se faça aquilo que deve ser feito antes que os contingentes importados sejam destruidos na santa indignação que moverá os mais do que descontentes, desesperados, antes de se lançarem na forca dos condenados.
E o que deve ser feito é organizar a agricultura e fazê-la produzir com os conhecimentos que se têm da agronomia, do comercio e do marketing.
Aliado a isto, criar regras e leis para priorizar 90% dos alimentos nacionais para o consumo em Portugal. E sendo assim, que se importem os exóticos 10% para os luxos dos endinheirados.
Basta falar em soluções? Claro que não. O agricultor de Portugal é o maior responsável pela situação que o aflige, simplesmente porque de tão brandos costumes se veio enfeudando aos senhores manhosos que os exploram.
Ah! que não se pense que o único perigo está em se produzir pouco. Produzir demais e sem planeamento é mais perigoso ainda. Então Senhores, arregassem as mangas e busquem o que lhes é de direito.
Tomem o mercado e combatam as importações nos aeroportos e portos e alfandegas. Renunciem á humilhação que a CE joga em cima da agricultura de Portugal. Voltemos nem que seja ás caravelas para chegar aonde tenhamos compradores de nossos productos. Se A CE nos tolhe os movimentos, corte-se esse cordão que nos mal liga e encerrem-se as vaidades europeias.

jorge@nortecnet.com.br

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