06-06-2014
Portugal está a desclassificar alguns resíduos para serem reutilizados como matéria-prima, em vez de serem depositados em aterro, afirmou o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, apontando o exemplo do cobre.
«A nossa política tem sido de desclassificar como resíduos materiais que podem, de acordo com as regras europeias e nacionais, ser reintroduzidos no processo produtivo», disse Nuno Lacasta à margem da cerimónia de apresentação do Relatório Estado do Ambiente em Portugal.
O responsável dá os exemplos de materiais desclassificados para servirem de combustíveis, mas também aponta o caso do cobre. «Temos de fazer um maior esforço nessa matéria porque hoje com empresas portuguesas instaladas com capacidade de reutilização e de fabrico de produtos e serviços utilizando esses materiais seria uma política errada pura e simplesmente permitir que fossem depositados em aterro, o que seria um desperdício puro, ou serem exportados», disse aos jornalistas.
Alguns materiais não são reaproveitados, quer através de reciclagem, quer através de utilização directa, e têm de ser colocados em aterro ou exportados para países que vão voltar a usar estes produtos.
A elevada percentagem de resíduos colocados em aterro é um dos pontos fracos do ambiente em Portugal, segundo o presidente da APA, que lista também os incêndios florestais e a qualidade do ar.
Entre os pontos fortes, Nuno Lacasta inclui o peso das energias renováveis, qualidade da água para consumo humano e das áreas balneares e a redução dos gases com efeito de estufa.
Nuno Lacasta salientou «a percentagem de energias renováveis que permite reduzir a dependência externa em termos de combustíveis, deixar divisas em Portugal e aumentar a eficiência da economia portuguesa», mas também «a redução de gases com efeito de estufa», estando o pais já a cumprir as metas do protocolo de Quioto.
«Talvez o mais importante, Portugal está hoje com um nível de qualidade da água que as populações consomem e de saneamento dos melhores do mundo», afirmou. Para o presidente da APA, os pontos «menos fortes» são, «por um lado, os fogos florestais, e o desafio de Portugal nessa matéria é grande, um desafio de governação e de gestão que é recorrente».
Já a qualidade do ar «tem vindo a melhorar, mas temos contudo algumas excedências em alguns dias do ano que precisamos melhorar», acrescentou.
Quanto à percentagem de resíduos que ainda são depositados em aterro, cerca de 54 por cento, «não nos deixam satisfeitos e têm de diminuir» e os resíduos «devem ser transformados em materiais que são reincorporados no processo económico», defendeu Nuno Lacasta.
Para conseguir esse objectivo será necessário optimizar infra-estruturas já construídas e criar maiores sinergias entre entidades que gerem aterros com tratamento mecânico e biológico «para que possamos fazer não o que é mais barato, mas sim aproveitar os materiais», salientou o responsável e recordou que os fundos comunitários são destinados a esta área da eficiência.
Fonte: Lusa
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