RICARDO GARCIA 22/08/2014 - 12:06 (actualizado às 13:21)
Polícia Judiciária divulga resultados da investigação a uma dúzia de incêndios, num dos quais morreu um bombeiro.
DANIEL ROCHA
Um menor de apenas 13 anos terá sido o autor de vários incêndios no Verão de 2013 na Covilhã, nos quais morreu um bombeiro e arderam centenas de hectares de floresta.
Um comunicado do Departamento de Investigação Criminal da Guarda, da Polícia Judiciária, divulgado esta sexta-feira, refere que, na sequência de uma investigação a 12 fogos naquele concelho, "foi possível imputar a autoria de, pelo menos, sete dos referidos incêndios a um menor de apenas 13 anos de idade, residente nas proximidades dos eventos registados".
O comunicado diz ainda que o menor "terá agido por motivações de natureza pessoal, nomeadamente por sentimentos de revolta, pela perda recente do pai, e de vingança sobre dois dos proprietários rurais atingidos, devido a alegadas ameaças por estes dirigidas à integridade física de um familiar e também de assédio sexual sobre um outro elemento da sua família".
O menor, um rapaz, vive com a mãe e uma irmã mais velha. O pai morreu há cerca de um ano. "Sentiu-se perdido com o falecimento do pai", interpreta José Monteiro, responsável pelo Departamento de Investigação Criminal da Guarda. Admitiu ter iniciado seis dos 12 fogos investigados pela PJ, nas freguesias de Tortosendo, Telhado, Vales do Rio, Dominguizo, Paul e Barco. "Depois ajudava os bombeiros no combate", afirma José Monteiro.
Foi numa destas situações, inusitada para um rapaz de 13 anos, que surgiu a suspeita de que seria ele o autor dos fogos. "Alertou as autoridades para um incêndio às 3h40 da manhã, interceptou os militares que o iam combater e indicou-lhes o melhor caminho para lá chegar", afirma José Monteiro.
O menor não foi taxativo quanto ao incêndio que vitimou um bombeiro da Covilhã, cuja morte o deixou muito abalado. Mas a PJ, ao longo das investigações, reuniu provas de que terá sido também o autor deste fogo, ocorrido em Agosto de 2013.
Segundo José Monteiro, o menor estava "sinalizado" pela Comissão de Protecção de Crianças e Jovens da Covilhã. Estas comissões, que envolvem a Segurança Social, as autarquias e outras entidades, têm por missão acompanhar crianças e jovens em potenciais situações de risco e propor medidas de protecção, se necessário.
A PJ remeteu o resultado das investigações para o Ministério Público da Covilhã. Tratando-se de um menor, o caso possivelmente será alvo de um processo tutelar, através do Tribunal de Família e Menores.
Os fogos investigados pela PJ ocorreram entre Julho e Setembro de 2013. Alguns assumiram grandes dimensões, em especial dois, iniciados a 15 e 23 de Agosto, cujas chamas varreram no total 916 hectares de matos e florestas, ameaçando povoações. No combate a um destes incêndios, na freguesia da Coutada, um bombeiro de 41 anos, da corporação da Covilhã, morreu cercado pelo fogo.
O caso da Covilhã não é inédito. No Verão do ano passado, a PJ identificou pelo menos quatro menores alegadamente autores de incêndios: três de 16 anos, em São João da Madeira, e um de apenas 12 anos em Espinho.
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