sexta-feira, 12 de maio de 2017

Agricultura ainda é feita à mão em 98% dos terrenos de cultivo em Angola



O trabalho manual das terras agrícolas, com recurso a enxadas, ainda é utilizado em 98% dos terrenos em Angola, em contraponto com o reduzido recurso à mecanização nos cerca de cinco milhões de hectares de cultivo.

A informação foi avançada hoje pelo ministro da Agricultura de Angola, Marcos Alexandre Nhunga, durante uma reunião com agentes económicos ligados à banca comercial, empresas do setor do agrícola, seguradoras e outros, tendo afirmado que apenas 2% dos hectares de cultivo do país são preparados com "recurso a mecanização e tração animal".

"A atividade de produção agrícola no país debate-se com o problema do baixo uso de mecanização na preparação de terras", admitiu.

Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise económica, financeira e cambial devido à queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, com o ministro angolano a admitir consequências negativas no setor, como a falta de meios de apoio à produção agrícola.

"Com a retração da atividade económica, vários meios e equipamentos de trabalho detidos pelas empresas de construção civil, tais como tratores, camiões e outros, incluindo a mão-de-obra, ficaram praticamente inativos. Estando muitos deles parqueados nos estaleiros", observou.

Neste encontro, que juntou empresários angolanos e estrangeiros do agronegócio para apresentação de oportunidades de investimentos no setor, o governante admitiu que os meios "ociosos" de mecanização agrícola "podem ser, facilmente, reconvertidos para a realização de atividades agrícolas".

"Diante da realidade que algumas empresas atravessam, imposta pela conjuntura económica, uma alternativa segura para as vossas empresas hoje seria o aproveitamento das oportunidades existentes no setor agrário investindo no agronegócio", alertou, dirigindo-se aos empresários.

Marcos Alexandre Nhunga referiu ainda que apesar de Angola dispor de "solos de elevada aptidão agrária, abundantes recursos hídricos e uma expressiva faixa da população dedicada às atividades do campo", atualmente "a produção interna ainda, em muitas culturas, não satisfaz as necessidades de consumo".

"A realização plena do potencial do setor agrário nacional, como motor da segurança alimentar e promotor do desenvolvimento socioeconómico do país, depende, em grande medida, da eficiência e eficácia com que decorrem as atividades produtivas dentro de cada um dos seus subsetores", concluiu.

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