12-10-2011
O calor que se faz sentir neste Outono poderá ter consequências
directas na quantidade e qualidade da azeitona produzida na região
transmontana, afirmou hoje o presidente da Associação de Olivicultores
de Trás-os-Montes
«Este calor já está a provocar consequências directas. Mais por aquilo
que será a qualidade desse azeite, porque neste momento a azeitona
começa a cair das árvores e já não vai ser apanhada», afirmou António
Branco, que falava, em Vila Real, à margem das jornadas "Da Oliveira
ao Azeite – Novos Desafios".
O responsável previa para esta campanha um ano de produção média, o
que corresponde a uma colheita de 90 milhões de quilos de azeitona. Só
que o calor intenso que se têm feito sentir nas últimas semanas está a
criar problemas na «estabilidade da produção».
«Neste momento da maneira como está o tempo já não será fácil
conseguirmos atingir esse valor. Vai haver alguma diminuição», referiu
António Branco.
O presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes (AOTAD)
referiu ainda que a apanha da azeitona arranca dentro de uma a duas
semanas. «Para nós, quanto mais cedo melhor, já devia ter começado»,
salientou.
O azeite é a segunda produção com maior peso na economia transmontana,
a seguir ao vinho, movimentando anualmente cerca de 27 milhões de
euros (ME). Trás-os-Montes tem mais de 36 mil olivicultores com 80 mil
hectares (ha) de olival.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) organizou as
jornadas subordinadas ao tema "Da Oliveira ao Azeite – Novos
Desafios", promovido pelo Centro de Investigação e de Tecnologias
Agro-alimentares e Biológicas (CITAB).
Em debate estiveram as alterações climáticas e a produção olivícola.
Para Portugal prevê-se um aumento da temperatura média e a incidência
das ondas de calor, ao mesmo tempo que invernos mais rigorosos e a
tendência para a ocorrência de geadas, o que terá efeitos nocivos em
diversas culturas, nomeadamente para o olival, e obrigará à
implementação de medidas de adaptação.
Actualmente verifica-se um interesse crescente na rega dos olivais
tradicionais outrora em regime de sequeiro, o que, segundo a
investigadora da UTAD, Eunice Bacelar, permite melhorar
substancialmente a produtividade. Em Trás-os-Montes apenas uma pequena
fracção do olival é regado.
Em estudo estão também estratégias de manutenção do olival de sequeiro
com coberturas vegetais em alternativa à mobilização mecânica e a
aplicação de substâncias com efeito protector, como o caulino.
O caulino é uma argila inerte que dá um aspecto esbranquiçado às
folhas das oliveiras e que permite que, em dias de muito sol, a folha
não aqueça tanto e logo não sofra escaldão. Esta técnica já está a ser
estudada, e com resultados positivos, noutras culturas, como a vinha.
António Branco garantiu que as oliveiras transmontanas, com anos e
anos de sequeiro, aguentam temperaturas extremas, desde os sete graus
negativos aos 40 positivos, sublinhando que «o problema está
relacionado com a produtividade. Um ano como este prejudica a
produtividade e provoca oscilações na produção».
Fonte: Lusa
http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia42202.aspx
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