segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Manuel Castro e Brito: Impasse em Alqueva "é uma catástrofe"

O presidente da ACOS – Agricultores do Sul está bastante preocupado
com o futuro do Alqueva e, sobretudo, com a sustentabilidade dos
projectos agrícolas que esperavam receber água da barragem a partir de
2013.
À imagem do país, também a agricultura está em crise?
Sim. A agricultura reúne agricultores e empresas agrícolas, que
enfrentam os mesmos problemas das outras empresas. Com mais um, que é
o factor tempo e que pesa muito na agricultura. Portanto, as coisas
não estão fáceis.
A situação no Alentejo é preocupante?

A situação no Alentejo começa a ser preocupante, uma vez que os
agricultores enfrentam uma quebra de preços nos produtos agrícolas. Ou
pelo menos, uma não actualização de preços na generalidade dos
produtos! Enfrentam também uma Política Agrícola Comum (PAC) que está
em constante transformação, cada vez com mais obrigações da parte dos
agricultores. E agora uma situação de seca muito complicada e que irá
trazer muitos prejuízos. Aliás, já está a causar muitos prejuízos…
Estima uma quebra nas colheitas?
Ainda é cedo e ainda pode chover… Mas de qualquer maneira, já há um
atraso muito grande nas colheitas, principalmente nos cereais de
sequeiro em extensivo. Também as pastagens estão muito atrasadas e já
existe prejuízo.
Na passada semana assinalou-se o 10º aniversário do fecho das
comportas da barragem do Alqueva. Uma década depois, o projecto é uma
desilusão para os agricultores da região?
O que acontece é que 50 mil hectares de regadio já existem. Faltam
agora mais 60 mil hectares, o que requeria um investimento muito
pequeno tendo em conta o que já foi gasto no regadio do Alqueva. Mas
parece – parece não, é certo! – que por motivos políticos a obra não
irá avançar. Existem no terreno muitos milhares de hectares já
plantados, principalmente com olival e vinha, que esperam neste
momento a água do Alqueva. Só aqui à volta de Beja estamos a falar de
12 mil hectares do perímetro do Pedrógão, que já estão plantados e que
este ano terão certamente grandes dificuldades.
Quais poderão ser as consequências deste impasse em torno do futuro do projecto?
Neste caso particular, o que está aí é uma catástrofe. São
prejuízos enormes, projectos que não vão ser rentáveis e que
certamente trarão grandes prejuízos aos agricultores que tiveram a
coragem de antecipar estas culturas.
LEIA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA NA EDIÇÃO DE 10 DE FEVEREIRO DO "CORREIO
ALENTEJO", JÁ NAS BANCAS
http://correioalentejo.com/?diaria=6704

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