quarta-feira, 14 de março de 2012

Agrava-se situação no Douro: Ministério da Agricultura e Governo não podem querer lavar as mãos como Pilatos

Na anterior campanha, apesar da drástica redução das 25 mil Pipas
(cada Pipa são 550 litros) de "Benefício" (quantidade de Mosto de Uvas
do Douro que cada Lavrador ou empresa pode anualmente transformar em
Vinho Generoso/Porto), o facto é que não subiram e nalguns casos até
baixaram os Preços à Produção do Vinho Generoso/Porto e do Vinho de
Mesa do Douro.
Salienta-se que, entretanto, não param de subir os Preços da
Electricidade, dos Combustíveis, dos Fertilizantes…
É neste contexto muito difícil que se dá a falência da empresa de
comércio de vinhos, Fernando Mendes e Bior, a que se junta a ruptura
financeira da Adega Cooperativa de Santa Marta de Penaguião.
Estas situações são de natureza diferente mas ambas trazem como
consequência que os Vitivinicultores, que lhes entregavam as Uvas,
estão agora seriamente ameaçados de não receberem o valor de uma, duas
e até três campanhas sucessivas de trabalho e despesas !
Esses
Vitivinicultores e respectivas famílias estão a ficar desesperados
pois dependem, quase que exclusivamente, da vitivinicultura.
É pois uma situação de verdadeira calamidade social que "consegue"
sobressair dramaticamente neste momento muito difícil para a
generalidade da pequena a média produção vitivinícola Duriense.
Assim, é necessário que o Ministério da Agricultura e o Governo
aceitem avaliar bem tudo o que está em causa e intervenham com algumas
medidas excepcionais, de forma a assegurar o sustento das muitas
dezenas de famílias de produtores afectados, designadamente com a
atribuição de apoios de emergência por parte da Segurança Social.
Espera-se ainda a solidariedade activa das Autarquias da Região.
Entretanto, também compete ao IVDP, Instituto dos Vinhos do Douro e
Porto, tomar a iniciativa de prevenir situações idênticas e de
arranjar novos compradores para as Uvas desta campanha.
E, o mais rapidamente possível, deve ser criado um "fundo de
emergência"- por exemplo a partir das verbas que produção e comércio
de vinhos da Região Demarcada do Douro entregam ao IVDP - para acudir
a situações críticas como aquela que estão a viver os Vitivinicultores
que entregaram as suas Uvas na empresa Fernando e Bior e na Adega
Cooperativa de Santa Marta de Penaguião.
AVIDOURO RECLAMA AUMENTO DO "BENEFÍCIO" NESTA CAMPANHA
Em 2010 o Benefício foi de 110 mil Pipas e em 2011 passou a 85 mil Pipas.
É pois indispensável que nesta campanha haja um grande aumento do
"Benefício", condição base para o aumento dos rendimentos dos
Lavradores Durienses e para a revitalização económica de toda a
Região.
Ao mesmo tempo, reclama-se ao IVDP a fiscalização eficaz do comércio
das Aguardentes e do cumprimento da "Lei do Terço" ( por cada litro
vendido de Vinho do Porto devem ficar pelo menos outros dois em
"stock").
Desde já a AVIDOURO, não aceita a pretexto seja do que for, a extinção
das Letras E e F, situação que atingiria milhares de pequenos e médios
viticultores do Douro e que seria mais uma machada na Região Demarcada
do Douro.
GOVERNO DEVE POSSIBILITAR UM SANEAMENTO FINANCEIRO JUSTO E URGENTE
PARA A CASA DO DOURO
AVIDOURO reclama ao actual Governo a apresentação urgente de uma
proposta - séria e exequível - para o saneamento financeiro da Casa do
Douro, condição indispensável à dinamização da Vitivinicultura e da
Região.
Sucessivos Governos e respectivas maiorias que os suportaram e
suportam na Assembleia da República têm "jogado" no desgaste da Casa
do Douro com a consequente delapidação do seu estatuto, do seu
prestígio e do seu património.
Com uma tal postura, é sabido, perde a Lavoura Duriense, perdem as
Gentes do Douro e perde a Região Demarcada e Património da Humanidade.
Ganham algumas instituições Bancárias e ganha o grande Comércio de
Vinhos do Douro e do Porto que, com a Casa do Douro sem poder
funcionar bem, fica com as mãos livres para impor a sua "ditadura"
comercial sobre o Douro. Com os péssimos resultados que estão à vista.
NÃO, à privatização do IVDP
Como é sabido, o IVDP é um importante organismo público presidido por
um representante nomeado pelo Ministério da Agricultura.
Por sua vez, a Produção e o Comércio de Vinhos do Douro e Porto também
têm os seus representantes em número paritário ( no
"Interprofissional"). Ou seja, pelo menos à partida, há um equilíbrio
de representações embora as Casas Exportadoras aí queiram "mandar"
tudo, o que passará pela privatização do IVDP…
Ao que se sabe, o Ministério da Agricultura também já trabalha nesse
sentido o que significa que, também nesta matéria, se está a pôr a
jeito dos interesses das Casas Exportadoras do Vinho do Porto.
AVIDOURO diz "NÃO!" à privatização do IVDP e exorta todos os
representantes da Produção a também se oporem firmemente às tentativas
em curso. Aliás, não se compreenderá e não se aceitará que, por
exemplo, a Direcção da Casa do Douro afinal tenha nisto a mesma
posição que as Casas Exportador.
Seca na Região Demarcada do Douro - Embora a Vinha tenha estado em
repouso vegetativo, desde já alertamos para a situação que se vai
verificar, com consequências graves a nível de doenças e pragas, já
frequentes na Região Demarcada do Douro, o perigo maior de geadas
negras, situações que vão agravar ainda mais a já desgraçada situação
que se vive no Douro.
Régua, 13 de Março de 2012
P'la Direcção da AVIDOURO
Berta Santos
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/03/13c.htm

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