domingo, 11 de março de 2012

Capacidade de produção alimentar, impactos na saúde e no ambiente debatidos em Lisboa

08-03-2012 às 09:49

inShareAlimentar todos os habitantes do planeta é um desafio que
preocupar cada vez mais os especialistas, que alertam para as subidas
de preços, as dúvidas sobre a capacidade de produção, os impactos na
saúde ou a 'pegada ecológica' da comida.
As preocupações crescem quando a análise aponta para o futuro e para a
capacidade de alimentar nove ou 10 mil milhões de pessoas em 2050 e
quando às questões já referidas se acrescentam as consequências das
alterações climáticas na agricultura.
"A sociedade portuguesa em geral está pouco desperta" para esta
problemática, nomeadamente para as mudanças no clima e o que vão
implicar na produção de alimentos, embora já existam estudos em curso,
disse à agência Lusa o professor do Instituto Superior de Agronomia,
da Universidade Técnica de Lisboa, José Lima Santos.
A Fundação Calouste Gulbenkian pretende dar um contributo para trazer
a discussão à sociedade civil, numa análise não só de cariz
internacional, mas também nacional, e organizou um ciclo de
conferências denominado "O Futuro da alimentação - ambiente, saúde e
economia" que se inicia na sexta-feira.

A primeira conferência vai debater o "enquadramento global da produção
e consumo de alimentos" e conta com a participação de José Lima
Santos, mas também de Charles Godfray, um estudioso destas matérias
que irá falar sobre "o desafio de alimentar nove ou 10 mil milhões de
pessoas de forma sustentável e equitativa", e de Arlindo Cunha,
ex-ministro da Agricultura.
José Lima Santos, que faz parte da organização das conferências,
referiu "a vontade de antecipar um problema complexo que vai colocar
muitos desafios no futuro próximo, que se prendem com as várias
dimensões da questão alimentar".
Uma das vertentes a ter em conta está relacionada com os picos de
preços dos alimentos, como aconteceu em 2008 e em 2011, que indiciam a
possibilidade de "haver problemas com a capacidade [do mundo] de
alimentar os nove ou 10 mil milhões de pessoas que vão existir em
2050".
A capacidade de produção e distribuição de alimentos está na lista das
preocupações, "quando sabemos que atualmente existe uma parcela muito
significativa da população com problemas de acesso aos alimentos e o
pico de 2008 foi responsável pela subida do número de pessoas com
deficiente alimentação, de cerca de 800 milhões para mil milhões de
pessoas, num ano", alertou o especialista.
Na dimensão da saúde humana, "há a consciência cada vez maior de que
aquilo que somos e que conseguimos ser, a nossa capacidade para atuar
no plano pessoal, profissional e social, tem muito a ver com o acesso
a uma alimentação de qualidade".
Outra questão apontada por José Lima Santos é a pegada ecológica, ou o
modo como a alimentação afeta os recursos naturais e o ambiente. E os
consumidores começam a ter a preocupação de escolher produtos com
pegada mais reduzida.
Salientou ainda os desafios que se prendem com o custo da energia,
pois a agricultura, o transporte e a transformação de alimentos são
"altamente consumidores de energia" e os seus preços acabam por estar
muito condicionados pelo valor das fontes energéticas.
Com as alterações climáticas, "temos de alterar a base energética" e
estas mudanças e os fenómenos associados, como subidas da temperatura,
secas e cheias, vão ter "um efeito bastante negativo na produtividade
da agricultura", frisou o especialista.
Além de José Lima Santos, a organização das conferências integra os
especialista em nutrição e alimentação, Isabel do Carmo e Pedro Graça.
A iniciativa realiza-se ao longo do ano e tem sete conferências
previstas, uma em cada mês, com exceção para os meses de verão. Os
temas relacionam a alimentação com saúde, desenvolvimento, economia,
ambiente e pescas, agricultura e ambiente e cultura e ética.
Diário Digital / Lusa
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=562224

Sem comentários:

Enviar um comentário