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6 de Maio, 2012
Searas perdidas, falta de pastos para alimentar gado e «impactos
negativos» na evolução e conservação de espécies são os efeitos da
seca em Portugal e Espanha, que preocupam agricultores e
ambientalistas dos dois países.
Em Portugal, «a grande maioria das searas de outono/inverno, cerca de
200 mil hectares, devem estar perdidas e os custos com a alimentação
do gado aumentaram exponencialmente», devido à falta de pastos, disse
à agência Lusa o presidente da Confederação dos Agricultores de
Portugal (CAP), João Machado.
Em território português, as regiões «mais afectadas» são aquelas onde
se semeiam cereais de outono/inverno (Alentejo, parte do Ribatejo e
Trás-os-Montes) e se cria gado (todas as do interior do país),
indicou.
A chuva dos últimos dias «está a ajudar os agricultores e a atenuar
imenso o que poderia ser um cenário de seca mais devastador», ao
permitir o crescimento de pastos e o aumento das reservas de água das
albufeiras, sublinhou.
No entanto, frisou, «57% do território português ainda está em seca
extrema e 42% em seca severa», o que «é muito preocupante, porque se
aproxima o verão e poderá ser preciso mais medidas, além das que o
Governo já anunciou» para mitigar os efeitos da seca.
«Ainda é cedo para pedir mais medidas», disse João Machado, que, para
já, gostaria de ver implementadas, «o mais rápido possível», as
medidas anunciadas pelo Governo, como a antecipação das ajudas
directas comunitárias.
Segundo o presidente da associação ambientalista Quercus, Nuno
Sequeira, «ainda não é possível saber» se as recentes chuvas «chegarão
para que as albufeiras consigam reter a água suficiente para o
abastecimento agrícola e doméstico».
«Só no início do verão teremos essa percepção e, por isso, estamos
preocupados», disse, frisando que também haverá «impactos negativos» a
nível biológico, porque há espécies «muito atrasadas» nos seus ciclos
reprodutivos.
A seca também tem feito «mossa» em Espanha, onde o ano hidrológico
está a ser «o mais seco dos últimos 65 anos»e a Coordinadora de
Organizaciones de Agricultores y Ganaderos (COAG) contabiliza
prejuízos «superiores a 1.600 milhões de euros».
«Em Espanha, está perdido um terço dos 5,5 milhões de hectares de
cereais de sequeiro que existem, pelo que estimamos mais de mil
milhões de euros de perdas. Na pecuária, os prejuízos estão avaliados
em mais de 600 milhões de euros, devido à falta de pastos e aos custos
com a alimentação do gado», disse à Lusa o secretário-geral da COAG,
Miguel Blanco.
No sector agrícola, os prejuízos da seca estendem-se «a todo o país»,
mas as comunidades autonómicas «mais afectadas» são a Estremadura, que
«está numa situação muito complicada», a Andaluzia, Aragão e parte da
Catalunha.
Na pecuária, os pastos perderam-se um pouco por todo o país, disse
Miguel Blanco, considerando que as medidas tomadas pelo Governo
espanhol para mitigar os efeitos da seca, como a antecipação do
pagamento dos apoios comunitários, são «apenas paliativas».
Os efeitos da seca na Estremadura espanhola, no sul do país, também
preocupam os ambientalistas, que reconhecem «grandes impactos» nas
áreas da agricultura e da pecuária.
«Estamos preocupados devido à grande importância que a agricultura e a
pecuária têm na região e em todo o sul de Espanha, sobretudo na
conservação dos montados», que depende da presença de gado em regime
extensivo, frisou Jesus Valiente, da ADENEX - Associação para a Defesa
da Natureza e dos Recursos da Estremadura.
Lusa/SOL
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=48654
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