Lusa
08 Out, 2012, 12:42
O eurodeputado socialista Capoulas Santos considerou hoje
"indesmentível" que a tauromaquia faça parte da cultura portuguesa,
defendendo que a festa deve ser "preservada" e que contribui para a
"biodiversidade" no mundo rural.
"A tauromaquia faz parte da nossa cultura. É um dado indesmentível.
Pode-se gostar ou não gostar de toiros, mas não se pode é negar que
faz parte da nossa cultura", disse o antigo ministro da Agricultura,
em declarações à agência Lusa.
Capoulas Santos exerce também o cargo de presidente da Assembleia
Municipal de Évora que, em setembro, aprovou uma moção contra a
classificação da tauromaquia como Património Cultural Imaterial de
Interesse Municipal.
Na moção, apresentada pelo Bloco de Esquerda (BE), pode ler-se que
"considerar que a tourada é uma manifestação cultural que faz parte da
nossa identidade coletiva é de um determinismo atroz".
Na moção aprovada, a Assembleia Municipal de Évora recomendou à câmara
que rejeite reconhecer a tauromaquia como Património Cultural
Imaterial de Interesse Municipal, comunicando esta rejeição à
Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC).
Sem querer fazer comentários sobre esta situação, Capoulas Santos
considerou que a apresentação da proposta do BE na reunião da
Assembleia Municipal foi "prematura", indicando que se absteve na
votação.
"Além de cidadão, sou sociólogo e tenho alguma responsabilidade em
interpretar as sociedades, os seus valores, as suas raízes e sob esse
aspeto negar que a tauromaquia faz parte da nossa cultura é negar uma
evidência", declarou.
"Por essa razão não votei favoravelmente essa moção", sustentou.
De acordo com Capoulas Santos, a proposta contou com 17 votos
favoráveis (11 deputados municipais do PCP, cinco do PS e um do BE),
13 votos contra (sete do PS, cinco do PSD e um do PCP) e com nove
abstenções (seis do PS e três do PCP).
Para Capoulas Santos, a tauromaquia "contribui" para a biodiversidade
no mundo rural, porque, explicou, sem as diversas vertentes da festa
brava "extinguia-se" o toiro bravo.
"O toiro bravo não é economicamente rentável. Se a bovinicultora se
reduzir exclusivamente à produção de carne não será a raça do toiro
bravo que sobreviverá", disse.
No entanto, defendeu que o espetáculo deve "evoluir", uma vez que é
"evidente" que constitui um espetáculo que provoca "sofrimento" ao
toiro.
"Hoje em dia, temos a esgrima como desporto olímpico e não precisa de
trespassar o adversário para ganhar uma medalha, ou seja, num desporto
que vinha do passado e por vezes violento foi adaptado à nova
realidade através de uma sofisticação tecnológica. Eu não sei se não é
possível um dia fazer algo parecido nas touradas", disse.
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=593381&tm=4&layout=121&visual=49
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