domingo, 20 de janeiro de 2013

Agricultores queixam-se de enormes prejuízos por causa do mau tempo

PÚBLICO 20/01/2013 - 09:54 (actualizado às 10:29)
Este domingo verificaram-se melhorias nas condições meteorológicas.
Autoridade registou poucas ocorrências.


Agricultores estão a contabilizar prejuízos com estufasADRIANO MIRANDA


Um morto, 22 feridos e 46 deslocados foi a contabilidade feita pela
Autoridade Nacional de Protecção Civil desde as 8h00 da manhã de
sexta-feira até à meia-noite de sábado. No total foram registadas 9463
ocorrências em todo o país. Os estragos são muitos, sobretudo no
Norte, com as regiões de Póvoa do Varzim, Vila do Conde e Esposende a
queixarem-se de prejuízos na ordem dos cinco milhões de euros.

O vento forte com rajadas superiores a 120 km/h provocou a queda de
árvores e de estruturas (como postes, andaimes, palcards, etc), 6018 e
2425 ocorrências registadas pela Protecção Civil, respectivamente.

A chuva provocou 534 inundações e 279 deslizamentos ou desabamentos.
Envolvidos nos trabalhos estiveram 35.263 operacionais e 10.984
veículos. Registaram-se ainda 207 limpezas de vias.

Os distritos onde se verificaram mais pedidos de ajuda contabilizados
pela Protecção Civil foram Lisboa (2623 ocorrências), Coimbra (957),
Porto (775) e Aveiro (584).

A energia eléctrica ainda não voltou a alguns pontos do país como em
zonas dos distritos de Aveiro, Castelo Branco, Leiria e Santarém. A
EDP Distribuição mantém este domingo cerca de mil pessoas no terreno a
trabalhar na recuperação da rede eléctrica e prevê que a rede de alta
e média tensão esteja normalizada até ao final do dia.

Em comunicado, a EDP Distribuição afirma que os fortes ventos de
sábado danificaram condutores numa extensão de 11 mil quilómetros da
rede de alta e média tensão. Esses condutores danificados colocaram
fora de serviço "cerca de 400 saídas e 20 subestações entretanto já
ligadas".

Os distritos de Aveiro, Castelo Branco, Leiria, Coimbra e Santarém
foram os mais atingidos e "são neles que estão concentrados os maiores
esforços". Por isso, a empresa mantém no terreno toda a estrutura
operacional (cerca de mil colaboradores apoiados em 400 viaturas), que
desde a madrugada de sábado procede aos trabalhos de recuperação da
rede eléctrica.

Segundo a empresa, a "larga maioria dos danos surgiram em consequência
de árvores de grande porte derrubadas sobre as linhas". "A sua remoção
tem sido tarefa difícil uma vez que os caminhos estão obstruídos e,
por isso, obrigam a utilização de meios especiais, operação que tem
sido efectuada junto com as equipas da Protecção Civil e dos
Bombeiros", refere.

A EDP afirma que só esta manhã houve condições meteorológicas para uma
vistoria completa às linhas com recurso a helicóptero e que é decisiva
para o trabalho a desenvolver nas próximas horas. A empresa admite que
continua com "alguns problemas nos sistemas de comunicação que
dificultam as manobras de telecomando da rede eléctrica e a
comunicação entre as equipas".

Estufas destruídas
A contabilização dos estragos começou a ser feita. Na Póvoa do Varzim,
os prejuízos em cerca de 400 explorações agrícolas cifram-se na ordem
dos quatro milhões e meio. Se forem contados os estragos em Esposende
e Vila do Conde, o prejuízo chega aos cinco milhões de euros, aponta a
Associação de Horticultores da Póvoa de Varzim, ouvidos pela TSF.

O presidente da associação Carlos Alberto Lino pede a intervenção do
Presidente da República para que sejam desbloqueadas ajudas aos
horticultores, muitos deles sem seguro. "Ficámos com as produções
todas no chão. Não sei como iremos sobreviver. É o desespero total",
disse Carlos Alberto Lino à Antena 1. Não é a primeira vez que estas
explorações são fustigadas pelo mau tempo – em 2010 e 2011 a
associação estimou prejuízos de cerca de quatro milhões de euros.

Segundo a TSF, o Ministério da Agricultura vai apoiar os agricultores
da Póvoa de Varzim que ficaram sem produção. Fonte da tutela adiantou
que, segunda-feira, técnicos da Direcção-Regional do Norte vão avaliar
os prejuízos para conceder os apoios aos produtores.

Também na região Oeste estão a ser feitas as contas. Dez hectares de
estufas de morango no Bouro, no concelho das Caldas da Rainha, ficaram
completamente destruídos pelo mau tempo, que causou prejuízos
superiores a um milhão de euros e coloca em risco 80 postos de
trabalho.

"Plásticos, ferros, sistemas de rega e de eletricidade, foi tudo pelos
ares com o vento e as estufas ficaram completamente destruídas", disse
à Lusa Sérgio Constantino, proprietário de dez hectares de estufas de
morango no Bouro, próximo da cidade de Caldas da Rainha. O
proprietário estima "um prejuízo de mais de um milhão de euros" nos
dez hectares de estufas cobertas onde no ano passado foram produzidas
800 toneladas de morango.

Além disso, ficou inviabilizada a plantação de mais seis hectares de
terreno "que estavam a ser preparados e que aumentariam a produção, em
2013, para um milhão e 200 mil toneladas de morango", acrescentou o
empresário agrícola que já pediu a intervenção da Direcção-Regional de
Agricultura do Ribatejo e Oeste "para avaliar a situação e ajudar a
encontrar uma solução".

"As seguradoras recusam-se a fazer-nos um seguro ou arrastam o
processo indefinidamente sem nos darem respostas e ficamos sem
qualquer protecção para estas situações", disse. Em causa podem estar
80 postos de trabalho fixos e mais 60 trabalhadores sazonais
contratados na época da apanha do morango, disse.


Algumas ocorrências, mas sem vítimas, nem gravidade

A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) registou neste domingo
algumas ocorrências, mas "sem vítimas ou situações de gravidade",
informou Miguel Cruz, Adjunto Nacional de Operações.

O responsável referiu estarem a decorrer trabalhos na sequência do mau
tempo registado entre sexta-feira e sábado, com "dificuldades devido à
precipitação".
Houve registo, nomeadamente de mais quedas de árvores, mas sem
"vítimas ou situação de gravidade".

Segundo a ANPC, continuam "áreas muito pontuais" sem electricidade,
que estão a ser geridas pela EDP.

Ao final da tarde deste domingo, a EDP informou que espera repor a
corrente eléctrica nas zonas afectadas durante a madrugada.

Pelas 19h havia ainda cerca de cem mil lares sem electricidade, sendo
as zonas de Pombal e Leiria as mais afectadas.

Segundo a EDP, cerca de mil pessoas estavam a trabalhar na recuperação
da rede afectada e foram distribuídos vários geradores e centrais
móveis um pouco por todo o país.


Notícia actualizada às 12h30, acrescentada informação da EDP
Distribuição. Às 12h48 foi acrescentada informação sobre estufas nas
Caldas da Rainha. O título foi alterado às 13h33. Notícia actualizada
às 18h25. Acrescentada informação da Protecção Civil. Ás 19h14
colocada nova informação sobre a EDP.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/temporal-fez-um-morto-22-feridos-e-46-deslocados-1581384#/0

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