segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

38% da Peneda-Gerês ardeu em 12 anos

Parque Nacional acompanha regeneração natural para rearborizar áreas
queimadas. Ações serão concertadas com baldios e proprietários
Publicado à 01.00
ALFREDO MAIA


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Em 12 anos, os incêndios queimaram 38% da área do Parque Nacional da
Peneda-Gerês (PNPG). Autarcas criticam a falta de rearborização após
os fogos, mas os responsáveis garantem que não estão parados.


foto PAULO JORGE MAGALHÃES/JN

Autarcas reclamam reflorestação

A crítica, já recorrente do presidente da Câmara de Arcos de Valdevez,
Francisco Araújo, é clara: o Mezio e o Ramiscal, por exemplo, "arderam
[especialmente em agosto de 2006] e estão como estavam; até hoje, a
reflorestação não existiu, nem sequer houve proteção contra a erosão".

Joaquim Cracel, autarca de Terras de Bouro, onde o Vale do Gerês foi
muito atingido em 2010, secunda-o: "Pouco ou nada foi feito, a não ser
uma ações de plantações de árvores autóctones por grupos de cidadãos e
empresas".

Miguel Dantas da Gama, dirigente do Fundo para a Proteção dos Animais
Selvagens (FAPAS), acompanha-os: as áreas ardidas "estão a ser tomadas
por matos", diz.

"Ainda se estiverem 30 ou 40 anos sem arder novamente, o carvalhal
recuperará". A sucessão de fogos e degradação do coberto vegetal é um
problema frequentemente denunciado por aquele ambientalista com três
décadas de trabalho frequente no terreno e vários livros sobre a
fauna, a flora e a gestão do PNPG.

De acordo com dados do Instituto de Conservação da Natureza e das
Florestas (ICNF), entre 2000 e 2012 registaram-se 1098 incêndios (ver
infografia), com uma área ardida de 31901 hectares. Equivale a cerca
de 46% dos 69596 hectares de área total do PNPG mas, como há "muitas
áreas sujeitas a mais do que um incêndio" naquele período, a área
ardida corresponde a 38% do total, assume o INCF em resposta escrita
ao JN.

Publicado em fevereiro de 2011, o Plano de Ordenamento do parque
consagra o Mezio como área de intervenção específica (infografia na
página seguinte), com a sua reflorestação. Não está feita, nem é assim
tão simples.

Comecemos pela zona do Ramiscal, com estatuto de conservação
prioritário pela sua importância, gravemente atingida pelo incêndio de
2006. "Terá de obedecer a um conjunto de ações cuidadas, as quais
dependem do potencial de regeneração que venha a desenvolver-se",
explica. Esse processo natural está a ser monitorizado e segue-se um
plano de intervenções a articular com os conselhos diretivos dos
baldios da zona.

No Mezio, foi extraído boa parte do material queimado - como o JN
comprovou - e, garante o INCF, foram feitas "algumas ações de
contenção da erosão", bem como "ações pontuais de aproveitamento de
regeneração natural em pequenos bosquetes", que são "essenciais para a
reconstituição" da área florestal. Tudo isto vai ser avaliado para
delinear com os baldios ações de recuperação.

No Vale do Gerês, também acometido por incêndios, o ICNF diz ter
realizado "inúmeras" atividades de rearborização com espécies
autóctones" e de recuperação e controlo de erosão e dois projetos de
estabilização de emergência pós-fogo, em articulação com autarquias,
baldios, sapadores florestais, voluntariado e associações.

http://www.jn.pt/125Anos/default.aspx?Distrito=Braga&Concelho=Terras%20de%20Bouro&Option=Interior&content_id=3058266&page=-1

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