segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Vespa asiática chegou a Portugal e não deixa as abelhas sair das colmeias

MARTA PORTOCARRERO 04/02/2013 - 12:26
Depois dos fungos, dos pesticidas, das alterações climáticas, da
destruição dos habitats, eis que as abelhas, em declínio mundial, têm
agora de lidar com outra ameaça: as vespas asiáticas. Em Portugal, a
região entre o Minho e o Lima é a mais afectada por estas vespas.


As abelhas encontram-se em declínio mundial nos últimos 50 anos PEDRO
CUNHA (ARQUIVO)

O que aconteceria se a sua casa estivesse a ser atacada e não pudesse
sair para obter alimentos? A resposta é simples: morreria de fome (e
também não iria trabalhar). É precisamente isto o que está a acontecer
às abelhas. Morrem por falta de alimento e não produzem mel e as
culpadas são as vespas asiáticas, vindas de Espanha e França. Em
Portugal, está a apostar-se na destruição dos ninhos com fogo e
armadilhas artesanais para minimizar o impacto na economia e na
biodiversidade que este insecto predador pode causar.

O método de ataque da vespa asiática ou velutina (Vespa velutina
nigotorax) é simples e eficaz: esperam junto das colmeias que as
abelhas cheguem carregadas de pólen, capturam-nas, cortam-lhes a
cabeça, as patas e o ferrão e transportam-nas para os seus próprios
ninhos que constroem no topo das árvores. Aí, comem-nas.

Em Portugal, os primeiros ataques terão ocorrido em 2011, quando foi
capturado um exemplar desta espécie num apiário em Viana do Castelo.
Segundo Miguel Maia, técnico da Associação Apícola Entre Minho e Lima
(Apimil), foram detectados cerca de 40 ninhos na região do Alto Minho,
22 dos quais no concelho de Viana do Castelo. O técnico diz ainda que
foram igualmente encontrados exemplares destas vespas em Ponte de
Lima, Ponte da Barca, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Barcelos e Vila
Verde.

Os ninhos, com cerca de um metro de altura e 80 centímetros de
largura, são maioritariamente construídos em árvores com uma altura
superior a cinco metros, descrevem Miguel Maia e José Manuel Grosso
Silva, este do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos
Genéticos (Cibio) da Universidade do Porto, no artigo A Vespa velutina
em Portugal continental e a apicultura nacional, na revista O
Apicultor, em 2012.

Depois de França, onde terão chegado em 2004, as vespas invadiram
Espanha e, agora, a entrada em Portugal não é surpresa para a Apimil.
"Já sabíamos que isto ia acontecer. Com a globalização, os problemas
também vêm para nós", comenta o presidente da Apimil, Alberto Dias,
acrescentando que, em 2013, os casos deverão aumentar em quantidade e
área.

Dentro de dez anos, admite Miguel Maia, é possível que a vespa
asiática tenha colonizado toda a Península Ibérica e que, nessa
altura, "vamos tropeçar nos ninhos". "O Norte de Portugal será
provavelmente colonizado em poucos anos", diz também o entomólogo José
Manuel Grosso Silva.

http://www.publico.pt/ciencia/noticia/vespa-asiatica-chegou-a-portugal-e-nao-deixa-as-abelhas-a-sair-das-colmeias-1583236

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