quarta-feira, 14 de março de 2012

Aumento da produção de kiwis à espera dos apoios do PRODER

09-03-2012
APK revela que há mais 800 novos hectares plantados em vias de passar
a produzir

A cultura de kiwis em Portugal tem crescido de ano para ano, quer em
número de produtores que se dedica à atividade - hoje cerca de mil,
essencialmente con­centrados no Entre Douro e Mi­nho e na Beira
Litoral -, quer em volumes produzidos, tendo atingido as 22 mil
toneladas em 2011, 40% das quais já são para exportação.

Em declarações à "Vida Económica", Alberto Rebelo, presidente da
Associação Portuguesa de Kiwicultores (APK), está satisfeito com a
evolução deste subsetor agrícola, que reputa de "muito promissor", mas
identifica dois "constrangimentos" que é preciso ultrapassar: o
aumento da capacidade de armazenamento dos quatro entrepostos
comerciais a operar e a concessão de apoios financeiros do PRODER para
estimular o crescimento do setor.

A cultura do kiwi foi iniciada em Portugal na década de 70 do sécu­lo
passado e o país já logra registar cerca de mil produtores dedicados
ao setor, que estão a produzir 22 mil toneladas/ano (volumes
registados em 2011) em cerca de 2100 hectares de terras afetas à
cultura e que exportam já 40% dessa produção para vários destinos
europeus, particularmente para Espanha. O objetivo, segundo o
presidente da APK, é chegar às "40 mil toneladas dentro de dois anos".
Apesar de todo este crescimento e dos investimentos que ainda estão em
curso, com plantações que o ex-ministro da Agricultura, António
Serrano, classificou, em entrevista à "Vida Económica" na última
semana, como sendo de "grande qualidade" e promovidos por "produtores
jovens e dinâmicos" a operar no território, a produção de kiwis em
Portugal não tem recebido apoios públicos do PRODER (Programa de
Desenvolvimento Rural 2007-2013) de há largos meses para cá.
Num "Encontro com o Kiwi Português", promovido pelo Pólo de
Competitividade "Portugal Foods" em parceria com a Associação
Portuguesa de Kiwicultores (APK) em abril de 2010, o então secretário
de Estado da Agricultura, Luís Medeiros Vieira, revelava à "Vida
Económica" que o PRODER já tinha apoiado projetos de investimento na
fileira do kiwi no montante de "três milhões de euros, correspondentes
a 135 hectares de plantação". Adiantava, aliás, que o objetivo do seu
Ministério era "lançar mais mil hectares de kiwi até 2013, duplicar a
produção por hectare e, a par disso, multiplicar por três o valor das
exportações".
Entrepostos: melhor capacidade de armazenamento e de logística
Hoje, volvidos cerca de dois anos, as plantações continuam, sendo que
a entidade gestora do PRODER "aprovou vários desses novos
investimentos de agricultores em pomares de kiwis, mas, até 31 de
dezembro de 2011, não houve qualquer verba para financiamento da
fileira", lamenta Alberto Rebelo, presidente da APK, em declarações à
"Vida Económica".
Esperançado que em 2012 os produtores de kiwis possam recandidatar-se
a receber apoios públicos com vista a incentivar as novas plantações,
Alberto Rebelo também dá conta de um outro constrangimento no setor: a
capacidade de armazenamento e de logística, "sobretudo ao nível da
comercialização", com vista a "procurar novos mercados alternativos
que possuam poder de compra para valorizarem a superior qualidade do
kiwi Noroeste de Portugal", explicou o presidente da APK.
Em Portugal, nota Alberto Rebelo, existem quatro entrepostos a operar:
a Prosa (grupo Sonae), com capacidade para cerca de 5000 toneladas, a
Kiwicoop, com capacidade para 6060 toneladas, a Kiwi Greensun, com
capacidade para 3600 toneladas, e a cooperativa Terras de Felgueiras,
que, não operando exclusivamente com kiwis, consegue armazenar cerca
de 1300 toneladas daquele fruto.
Ainda assim, explica Alberto Rebelo à "Vida Económica", o aumento das
novas plantações - "há mais 800 novos hectares plantados em vias de
passar a produzir" -, a mudança de paradigma desta fileira e a
necessidade de reajuste de todos os elementos que a compõem face às
novas exigências que tal mudança acarreta" terá de gerar alterações.
Por um lado, diz que é preciso que os produtores "produzam a preços
mais competitivos" e, por outro, que os entrepostos "aumentem as suas
capacidades de armazenamento e melhorem a logística, sobretudo ao
nível da comercialização".
Representantes do maior grupo de distribuição dos Balcãs visitam Portugal
Termina hoje, sexta-feira, o périplo de cinco dias que uma delegação
de representantes do maior grupo de distribuição moderna dos Balcãs
realizou a Portugal a convite do pólo de competitividade "Portugal
Foods" e que incluiu a visita a 15 empresas do setor agroalimentar
nacional. O objetivo da missão é "contribuir para o aumento das
exportações dos produtos agroalimentares portugueses", explica a
direção do pólo, agora liderado por Amândio Santos, CEO da Derovo.
Integraram a referida delegação representantes do maior grupo de
distribuição moderna da região dos Balcãs, a insígnia MERCATOR, líder
da distribuição na Eslovénia e com grande presença na região,
nomeadamente na Sérvia, Croácia e Bósnia e Herzegovina, com 137 lojas
e 18 grossistas no território sérvio.
A visita surgiu na sequência do trabalho iniciado em maio de 2011,
aquando da presença de cerca de 50 empresas portuguesas na 76ª Feira
Internacional de Agricultura de Novi Sad, na Sérvia, sob a
marca-chapéu "Portugal Foods".
TERESA SILVEIRA-teresasilveira@vidaeconomica.pt
http://www.vidaeconomica.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ve.stories/79054&sid=ve.sections/195938

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