domingo, 11 de março de 2012

Campanha para o Direito à Alimentação "requalificada"

Desde o início da operação foram doadas cerca de 24 mil refeições
A Campanha Nacional para o Direito à Alimentação, lançada em 2010,
está a ser "requalificada", estando previsto o lançamento de um
projecto-piloto em Lisboa dentro em breve para apelar à solidariedade
dos estabelecimentos de restauração.
08 Março 2012Nº de votos (0) Comentários (0)
"Estamos a requalificar a nossa campanha Direito à Alimentação, com a
esperança de que esta crise seja ultrapassada rapidamente", refere um
documento que faz o ponto de situação da campanha, facultado à Lusa
pela Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal
(AHRESP).
O programa, lançado no final de 2010 com o patrocínio do Presidente da
República, Cavaco Silva, propunha-se criar uma 'Rede Nacional de
Solidariedade' que oferecesse refeições a pessoas "em situação
especialmente difícil".

Com o aumento do IVA para a restauração, de 13 para 23%, a AHRESP
alertou em Outubro do ano passado que o projecto poderia ficar em
risco.
No documento, a AHRESP refere que a "impensável decisão do Governo" de
aumentar o IVA da restauração e a "grave crise que se instalou no
sector" fazem com que a associação não tenha "quaisquer condições de
continuar a pedir às empresas a doação de uma refeição completa,
quando muita delas nem sequer conseguem vender uma refeição por dia".
O documento indica assim um "novo projecto-piloto" que será iniciado
em Lisboa, com o município.
"Vamos proceder à liberalização das adesões, para que cada
estabelecimento possa ser solidário e doar o que quiser, quando quiser
e a quem quiser. O único pressuposto para a participação é que a mesma
não envolva 'restos' ou 'sobras'", adianta.
Em Outubro do ano passado, algumas autarquias envolvidas garantiram
que a campanha estava parada por ausência de restaurantes dispostos a
fornecer refeições.
"Foi uma manobra de propaganda. Os restaurantes fizeram o seu número e
depois cortaram-se. Aqui em Lisboa, a campanha pariu um rato",
criticou então a vereadora da Acção Social na Câmara de Lisboa, Helena
Roseta.
A autarquia identificou as freguesias com mais idosos isolados e
seleccionou 74 famílias. "Só responderam positivamente três
restaurantes, por isso insistimos para ver se aderiam mais, mas o
resultado foi que passámos de três para zero", lamentou Helena Roseta.
A história repetiu-se noutros concelhos. Em Oeiras "não apareceu
nenhum restaurante", explicou na altura a vereadora Elisabete
Oliveira, pelo que a câmara decidiu avançar com um projecto local.
De 308 municípios portugueses, apenas 91 aderiram à campanha. Entre
estes alguns acabaram por desistir, como aconteceu em Boticas.
"Temos cerca de 1.300 famílias carenciadas, mas como já tínhamos
outros programas achámos que não seria necessário mais este", explicou
em Outubro o presidente da câmara, Fernando Campos, referindo-se à
distribuição de medicamentos, alimentos, ajuda no pagamento de renda
de casa e transporte gratuito dos alunos.
A existência de outros programas alimentares foi, aliás, uma das
razões invocadas por diversos municípios para não se inscreverem.
De acordo com a AHRESP, neste momento a campanha está "em plena
operação" nos municípios de Santa Maria da Feira, Entroncamento,
Leiria e Ovar, que "asseguram uma média mensal de cerca de 2.650
refeições doadas".
A associação adianta ainda que, desde o início da operação, em Abril
do ano passado, até 31 de Dezembro, foram doadas cerca de 24 mil
refeições.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/campanha-para-o-direito-a-alimentacao-requalificada

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