segunda-feira, 23 de abril de 2012

Marcha de 300 agricultores contra a crise no Douro

EDUARDO PINTO

Cerca de três centenas de viticultores do concelho de Alijó
reivindicaram, este domingo, mais ajudas para a Região Demarcada do
Douro, no geral, e, em particular, para a sua adega cooperativa que
está afogada em dívidas. A atividade principal da região, a produção
de vinho, atravessa uma crise sem precedentes e está a deixar os
lavradores na miséria.


foto EDUARDO PINTO

Protestos dos agricultores

A manifestação de protesto realizou-se após uma assembleia geral
extraordinária em que foi eleita uma nova direção para a Adega
Cooperativa de Alijó, instituição com cerca de 2000 associados a quem
deve entre duas a quatro colheitas. O leme foi assumido Anabela Pinto
Coelho, de 29 anos, engenheira agrónoma e também viticultora.

Anabela aceitou o "grade desafio" de liderar a adega durante o próximo
ano e meio, até completar o triénio iniciado pela anterior direção,
porque também ela é viticultura e sente na pele o que "custa chegar ao
final do ano e não receber pelas uvas entregues na cooperativa". Aos
restantes sócios deixou a promessa de "continuar o trabalho para
tentar aliviar a situação financeira da instituição".

"A manifestação de hoje representa, em primeiro lugar, um grito de
revolta contra a situação que se vive na vitivinicultura duriense",
sublinhou o presidente da Câmara de Alijó, Artur Cascarejo. Juntamente
com vereadores, inclusive da oposição, direção anterior e a
recém-eleita, encabeçou a marcha, segurando uma tarja "em defesa da
nossa adega cooperativa", que terminou com uma volta à rotunda do
Homem do Douro, que simbolizou "um abraço a todos os viticultores
durienses".

"De há 10 anos a esta parte a vitivinicultura duriense tem vindo a
perder valor e volume", sublinhou ainda o edil, esclarecendo que a
Comunidade Intermunicipal do Douro, que reúne 19 Municípios, adegas
cooperativas da região demarcada e Governo, "estão a tentar encontrar
soluções para este problema".

Durante o percurso feito em silêncio pararam junto à agência local
Caixa Geral de Depósitos (CGD), onde gritaram: "Apoio à produção, sim;
apoio à especulação, não!" A Adega Cooperativa de Alijó acusa a CGD de
não apoiar a reestruturação da dívida de sete milhões de euros a
viticultores, fornecedores, banca e Estado. À porta da instituição foi
mesmo colocada uma tarja que rezava: "Para os Berardos jogarem na
bolsa: Milhões. Para a gatunice do BPN: Milhares de milhões. Para a
Adega de Alijó: Morte lenta... É este o nosso banco???".

Pedro Sousa, o presidente da direção cessante, explicou que "grande
parte das instituições bancárias aceitou juntar-se num sindicato
bancário" que permitiria a reestruturação da dívida. "Quando chegámos
à CGD apenas ouvimos: "Ou começam a pagar ou não há reestruturação
para ninguém!"".

Pedro Sousa acalenta ainda a esperança de que o secretário de Estado
do Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, ajude a desbloquear a
situação, caso contrário, a situação será "muito mais complicada para
a adega de Alijó".

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=2435583&page=-1

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