de subsistência uma fonte de rendimento, ajudando os pequenos
produtores a comercializar os excedentes que, muitas vezes, mesmo
partilhados com vizinhos, acabam no lixo.
A Desteque - Associação para o Desenvolvimento da Terra Quente quer
adotar nesta região o modelo de comércio de proximidade do programa
PROVE - Promover e Vender, que já beneficiou quase uma centena de
produtores de vários pontos do País, nos últimos cinco anos.
O programa consiste no comércio sem intermediários, em que os
produtores vendem diretamente ao consumidor aquilo que produzem na
horta, em pomares ou outros produtos regionais, de uma forma
organizada e orientada pelas associações locais de desenvolvimento
rural.
Uma associação de Setúbal foi a pioneira do projeto que a congénere
Desteque pretende agora replicar nos cinco concelhos da Terra Quente
Transmontana, os de Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Carrazeda de
Ansiães, Vila Flor e Alfândega da Fé.
Depois de um seminário de divulgação da iniciativa, realizado na
sexta-feira, em Macedo de Cavaleiros, o próximo passo será fazer um
levantamento de potenciais produtores e consumidores e criar a
logística necessária para arrancar com o projeto no terreno, como
explicou o presidente da Desteque, Duarte Moreno, à Agência Lusa.
Em zona essencialmente rural, onde a população ou vive da agricultura
ou tem nesta atividade um complemento, o objetivo é rentabilizar os
excedentes.
A família de Maria José, na aldeia de Olmos, Macedo de Cavaleiros, não
consegue consumir tudo o que produz. Dá "aos vizinhos ou familiares
que não produzem para não deitar tudo fora, porque muitas coisas
estragam-se".
A jovem vê neste projeto "uma mais valia e um rendimento" e está
decidida a convencer os pais a aderirem.
Outros que assistiram à apresentação são mais céticos, justamente por
esta cultura transmontana de partilha que faz com que mesmo aqueles
que não plantam beneficiem do que sobra a outros.
Para o dirigente da Desteque, é uma questão de "mudar os hábitos dos
consumidores, porque se existem hipermercados nesta região é porque
existem consumidores e as zonas dos frescos [destes estabelecimentos]
têm sempre muita procura".
A associação garante toda a logística necessária para a aproximação e
acredita que também nesta região "pode resultar", tendo em conta o que
os responsáveis testemunharam noutras regiões.
Duarte Moreno está mesmo convencido de que o PROVE poderá também ser
um incentivo para atrair gente jovem para a agricultura, na medida em
que tem garantido um rendimento médio mensal de 600 euros por
agricultor nas zonas onde já está a funcionar.
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