sábado, 10 de dezembro de 2016

O olival mundial está preparado para produzir mais de 4,5 milhões de toneladas

30-11-2016 
  
A actual superfície de olival distribuída pelos cinco continentes está apta para produzir mais de 4,5 milhões de toneladas de azeite, segundo revelou Juan Vilar, vice-presidente executivo de GEA Iberia, numa conferência conjunta com o director executivo do Conselho Oleícola Internacional.

O encontro teve lugar em Lisboa, no âmbito do Dia Internacional da Oliveira e da celebração do 40 aniversário da Casa do Azeite da capital portuguesa. Ao longo da sua intervenção, Juan Vilar, manifestou que a produção, totalmente constatável, tanto de forma teórica como pratica, pois ao adicionar as produções mais elevadas dos actuais 56 países produtores, o valor obtido supera as 4,5 milhões de toneladas». Se for feita referência ao consumo e sob os cálculos mais ideais e modelos analisados, em nenhum dos caos seria possível superar a curto prazo as 3,5 milhões de toneladas, tendo em conta os mesmos modos de análises.

Vilar assinala que «são necessárias uma série de estratégias, sobretudo por entidades supranacionais como o Conselho Oleícola Internacional (COI) e os ministérios de Agricultura dos países produtores. O objectivo seria actuar de forma coordenada para promover o consumo dos produtos a nível global, pois apenas um deslocamento da procura seria adequado para absorver a produção obtida no citado cenário». «Não em vão, nos últimos 10 anos verificou-se uma descida generalizada do consumo interno em países como a Espana, Itália, Tunísia, Grécia e Jordânia, que supões mais de nove por cento do total do consumo mundial», explica Vilar.

Em relação às estratégicas de organização, Vilar voltou a apelar à singularização, principalmente para o olival tradicional que, se não se diferencia neste cenário, ficaria condenado a deixar de ser rentável em 74 por cento da superfície mundial. Segundo Vilar, «esse facto potencial, na sua máxima expressão, apenas poderia produzir um alinhamento apenas no comportamento dos 10 maiores países produtores».

Fonte: Agrodigital

Programa "VITIS" até 2020

 28-11-2016 
 
 
O secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, disse, em Melgaço, que «o programa "VITIS" vai continuar até 2020, com um orçamento aprovado de 53 milhões de euros por ano».

«Foi feita uma negociação entre o Governo português e Comissão Europeia que permitiu prolongar o programa "VITIS" até 2020, já com orçamento aprovado e a possibilidade irmos até 2023», afirmou o governante, questionado pela agência Lusa.

Luís Medeiros Vieira, que falava durante a sessão de abertura da segunda Festa do Espumante Alvarinho, em Melgaço, revelou que «no início de Dezembro» vão abrir os avisos para a apresentação de candidaturas àquele programa que abrange ainda a modernização das adegas e a promoção dos vinhos portugueses nos mercados internacionais.

O governante sublinhou que este programa, lançado em 2000, «é a estrela da agricultura e da viticultura portuguesa». «Em 16 anos o "VITIS" permitiu reestruturar 35 por cento do património vitícola nacional, através de um investimento de 730 milhões de euros».

Referiu tratar-se de «um programa extremamente generoso uma vez que dá um incentivo aos agricultores entre 70 a 75 por cento a fundo perdido» e ser de acesso «simples, sem burocracia».

«Os resultados estão à vista. A adesão tem sido espetacular porque os agricultores acreditam nele», destacou, adiantando que «só na Região dos Vinhos Verdes, através deste programa, foi reestruturado 50 por cento do património vitícola da região, constituída por 21 mil hectares, num investimento de 112 milhões de euros». Para Luís Medeiros Vieira este investimento «continuado» tem alcançado resultados no crescimento das exportações dos vinhos portugueses.

«Em 2015, as exportações do sector atingiram 55 milhões de euros, e nos primeiros nove meses deste ano, temos um aumento de oito por cento desse valor», frisou.

No segmento do vinho espumante, com uma produção anual de cerca de 17 milhões de litros, Luís Medeiros Vieira defendeu a necessidade de redução do défice de 14 milhões de euros registados neste sector.

«Temos 11 milhões de euros de exportações mas importamos 25 milhões de euros. Não temos necessidade nenhuma para ter este défice. Temos espumantes de qualidade e temos condições para os afirmar no mercado nacional e internacional», reforçou.

Defendeu a criação «de uma única marca para afirmar o espumante português no mercado doméstico e internacional», e lançou o repto às organizações de produtores, às comissões vitivinícolas regionais, para trabalharem nesse sentido, garantindo o apoio do Ministério da Agricultura.

Fonte: Lusa

China armazena mais de 50 por cento do milho e 40 por cento do trigo de fornecimento mundial

25-11-2016 
  
A informação Commodity Global Outlook 2017, do Rabobank, destaca que as matérias-primas para alimentos básicos como, por exemplo, trigo, milho e a soja, componentes-chave da alimentação de gafo em todo o mundo, estão armazenadas em quantidades recorde, o que exerce pressão sobre os preços que esperam negociar os agricultores no próximo ano.

O Rabobank destaca o papel da China na hora de criar uma maior incerteza no mercado. O país mãos povoado do mundo conta com stocks enormes de muitas matérias-primas chave e estima-se que armazena 60 por cento do fornecimento mundial de algodão, mais e metade do milho, 40 por cento do trigo e 21 por cento de soja. Caso a China decida começar a vender algumas destas reservas, pode levar a uma queda dos preços mundiais das matérias-primas correspondentes.

O Rabobank espera que a inflação nos Estados Unidos da América (EUA) aumente cerca de dois por cento durante 2017 e também que os preços aumentem no Reino Unido e, em menor escala, na Eurozona. Mesmo estes pequenos aumentos podem atrair interesse para os fundos de investimento que invertem os índices de matérias-primas, que oferecem cobertura importante contra a inflação, em especial enquanto os preços agrícolas permanecerem baixos.

Stefan Vogel esclareceu que «depois de três anos de descida de preços e de acumulação de stocks a nível mundial em muitas regiões agrícolas importantes, 2017 parece que trará um pouco da muito desejada estabilidade aos preços dos alimentos. Assim, os níveis recorde de existências mundiais fazem que os preços, provavelmente, permaneçam obstinadamente baixos, o que supõe uma boa notícia para os consumidores, mas não para os agricultores de todo o mundo. A incógnita a ter em cinta é a Chuna. Qualquer decisão dos seus legisladores para começar a vender as reservas do país pode ter um profundo efeito nos mercados mundiais já que as importações da China diminuíram».

Fonte: Agrodigital

Instituto RAIZ premiado pela Ordem dos Engenheiros


por Ana Rita Costa- 29 Novembro, 2016

O RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e do Papel, criado em 1996 pela Portucel Soporcel, foi distinguido pelos seus 20 anos de trabalho de investigação do eucalipto com galardão atribuído pela Ordem dos Engenheiros.

De acordo com a The Navigator Company, antiga Portucel, "o RAIZ e as universidades parceiras constituem hoje o maior repositório mundial de conhecimento científico e tecnológico da espécie Eucalyptus globulus, aquela que mais predomina em Portugal, sendo o Instituto reconhecido, a nível mundial, como um centro de investigação de referência, promotor do desenvolvimento sustentável e da bioeconomia baseada na floresta do eucalipto."

Trata-se de um organismo privado, sem fins lucrativos, reconhecido como entidade do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, que desenvolve trabalhos de investigação, consultoria, serviços especializados e formação nos domínios da floresta, papel e biorrefinarias de base florestal, operando o seu quadro próprio de cerca de cinco dezenas de investigadores em parceria com as Universidades de Aveiro e de Coimbra, bem como com o Instituto Superior de Agronomia de Lisboa.

Para a The Navigator Company, o RAIZ tem contribuído para uma melhoria nas performances da empresa, nomeadamente assegurando "elevados níveis de eficiência de produção e qualidade da pasta" e ajudando a "diversificar o portefólio de produtos da empresa por implementação do conceito de biorrefinaria".

Presidente da República condecora Manuel Castro e Brito


por Ana Rita Costa- 2 Dezembro, 2016

O Presidente da República condecorou Manuel de Castro e Brito, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Agrícola. Castro e Brito, foi presidente da ACOS e da FAABA e o grande mentor da Ovibeja, e faleceu este ano.

Agora foi condecorado por Marcelo Rebelo de Sousa como "um homem cujo reconhecimento ultrapassou em muito as fronteiras do Alentejo, um homem de uma personalidade invulgar na luta pela agricultura e pelos agricultores."

"Além do seu empenho em edificar a Ovibeja, Castro e Brito dedicou a sua vida à causa comum. Participou ativamente nos grandes desenvolvimentos do sector agrícola, sempre com uma visão independente e crítica, na defesa e reivindicação do desenvolvimento do mundo rural. O trabalho e perseverança de Manuel de Castro e Brito foram reconhecidos ainda em vida", refere a ACOS em comunicado.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Ministro da Agricultura defende investimentos na vitivinicultura para exportação

28/11/2016, 22:47128

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, defendeu a aposta na vitivinicultura enquanto subsetor da agricultura portuguesa com maior vocação exportadora.

Com 240 mil hectares de vinha plantada, Portugal produz 700 milhões de litros de vinho

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, defendeu esta segunda-feira a aposta na vitivinicultura enquanto subsetor da agricultura portuguesa com maior vocação exportadora.

"Este é um setor cuja dinâmica nos deve orgulhar", disse Luís Capoulas Santos, em Coimbra, na apresentação do Plano Estratégico de Apoio à Fileira dos Vinhos das Denominações de Origem do Centro. Na sua opinião, "faz todo o sentido apostar no setor vitivinícola, para honrar o passado", mas também numa perspetiva de futuro.

No setor vitivinícola, Portugal "situa-se entre os 10 primeiros países do mundo", realçou o ministro da Agricultura, ao classificar o plano como "opção estratégica muito válida".

Financiado pelo Programa Operacional do Centro 2020, o projeto visa "apoiar a cadeia de valor dos vinhos, desde os recursos naturais até à promoção junto do consumidor final", segundo a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDRC). O plano representa 3,5 milhões de euros de investimento total, dos quais três milhões são financiamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), cabendo aos privados um encargo de 500 mil euros.

"Ninguém perde identidade por trabalhar em conjunto", salientou a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, na cerimónia de apresentação da iniciativa. Dos três milhões de apoio do FEDER, "um milhão é para inovação", disse Ana Abrunhosa.

O plano estratégico envolve a CCDRC e as comissões vitivinícolas regionais (CVR) de Lisboa, Dão, Bairrada, Beira Interior e Tejo.

Congregar os esforços das cinco CVR da região Centro, intensificando as colaborações e reforçando o trabalho em rede, quer ao nível da inovação quer do desenvolvimento tecnológico na produção dos vinhos, deverá ser um dos principais resultados da concretização deste programa, que pretende reforçar o peso na economia regional da fileira do vinho e afirmar a nível nacional e internacional a Região Centro como uma região vitícola", segundo a CCDRC.
Em 1970, quando a população de Portugal rondava os 10 milhões de pessoas, cada uma "bebia em média 85 litros de vinho por ano", disse, na Quinta das Lágrimas, o presidente da Comissão Vitivinícola de Lisboa, Vasco Avilez, a quem coube apresentar o plano estratégico, que junta pela primeira vez as cinco CVR do Centro.

"Hoje, bebe-se menos, mas bebe-se melhor", sublinhou, explicando que cada português consome atualmente uma média anual de 42 litros de diferentes vinhos.

Com 240 mil hectares de vinha plantada, nas diferentes regiões vitivinícolas, Portugal produz sete milhões de hectolitros (700 milhões de litros) de vinho. Destes, quatro milhões de hectolitros de vinho são consumidos no mercado interno, enquanto o restante se destina à exportação, no valor de 1.000 milhões de euros, enfatizou Vasco Avilez.

Este programa deverá contribuir para aumentar a competitividade do setor, mas também para fomentar a sua internacionalização e notoriedade", defendeu Ana Abrunhosa.
A região Centro integra as denominações de origem da Beira Interior, da Bairrada e do Dão, parcialmente a de Lisboa e residualmente a do Tejo.

A região é responsável por cerca de 37% da área total de vinha existente em Portugal e 35% da produção de vinho nacional. O Centro exporta entre 40 a 50% da sua produção, consoante as regiões.

Governo vai investir 500 milhões de euros em programa de regadio até 2020

26/11/2016, 14:00


Governo vai implementar, até 2020, um programa de regadio em que serão investidos 500 milhões de euros para levar a água a 90 mil hectares de terrenos agrícolas, anunciou ministro da Agricultura.


O Governo vai implementar, até 2020, um programa de regadio em que serão investidos 500 milhões de euros de euros para levar a água a 90 mil hectares de terrenos agrícolas, anunciou o ministro da Agricultura, Capoulas Santos.

O programa de regadio representa, segundo o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luis Capoulas Santos "um investimento global, na ordem dos 500 milhões de euros", dos quais metade está garantida "através do PDR (Programa de Desenvolvimento Rural) 2020" e o restante está a ser negociado "com o Banco Europeu de Investimento, através do plano Juncker".

De acordo com o Governante o programa permitirá irrigar cerca de "90 mil hectares [de terrenos agrícolas] de Norte a Sul do país", mas, sublinhou, " incidirá sobretudo sobre a ampliação do projeto do Alqueva em mais 47 mil hectares".

Segundo o ministro o Ministério da Agricultura tem já "uma listagem de projetos que excedem, até em muito o financiamento" disponível, e que serão selecionados tendo em conta "o custo/benefício".

A primeira tranche de projetos serão selecionados "até ao final deste mês" e a lista definitiva de investimentos será conhecida "no primeiro trimestre [de 2017] ", adiantou Capoulas Santos.

O ministro falava em Óbidos à margem da cerimónia da delegação de competências para a assinatura do contrato para a Rede de Rega de Óbidos e lançamento do concurso para a construção do Bloco de Rega da Amoreira

A obra integra-se na construção da Rede de Rega do Aproveitamento Hidroagrícola das Baixas de Óbidos e Amoreira (terrenos agrícolas que se estendem entre os concelhos de Óbidos e Bombarral), num investimento de 28 milhões de euros, dos quais 22,2 milhões comparticipados pelo Programa de Desenvolvimento Regional (PRODER).

A rede irá irrigar 1185 hectares de culturas hortícolas e frutícolas dos concelhos de Óbidos e Bombarral, beneficiando cerca de 900 agricultores.

O projeto inclui a construção de uma estação elevatória (atualmente em obra) orçada em 3.259.256,57 euros e dois blocos de rega: o de Óbidos, com um custo de 8.732.000,42 euros e o da Amoreira, adjudicado por 4,2 milhões de euros.

Serão ainda 40 quilómetros de caminhos agrícolas e uma rede de drenagem com uma extensão de 10 quilómetros.

A rede de rega, reivindicada pelos agricultores há 30 anos, é, segundo o presidente da câmara de Óbidos, Humberto Marques, "o maior investimento alguma vez feito no concelho" e permitirá "triplicar a rentabilidade" aumentando o cultivo de hortícolas e frutícolas para "30 a 40 toneladas por hectare".

A rede de rega vem juntar-se à construção da Barragem do Arnóia, uma obra de 6,5 milhões de euros, concluída desde 2005.


domingo, 4 de dezembro de 2016

Como garantir a sustentabilidade do Alentejo

Bruno Lobo
 28 Nov 2016

A região tem em marcha um plano de sustentabilidade ímpar que a vai colocar na vanguarda do setor dos vinhos em toda a Europa. E não se trata só de vantagem competitiva.

"Não existe algo assim em nenhum outro país da Europa", começa por afirmar o presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), Francisco Mateus, com quem nos encontrámos precisamente para conhecer este plano. "Somos a primeira região a ter um plano integrado", explica.

A produção do Alentejo é hoje consumida maioritariamente em Portugal. Apenas 30% é exportado, mas existe a clara consciência de que "o mercado nacional não tem capacidade para crescer mais, pelo que temos de olhar lá para fora".

A muito breve trecho, vários países importadores – sobretudo no Norte da Europa – terão normas apertadas para os vinhos que não cumpram regras de sustentabilidade. Proibindo, pura e simplesmente, como será o caso do governo sueco já em 2020, ou taxando de tal forma que colocam em causa a viabilidade do negócio. É, por exemplo, o caso do Canadá. A ideia da CVRA é colocar os seus produtores na dianteira desta nova realidade.

"Trata-se da diferença entre a entrada no comboio na primeira carruagem ou à pressa, na última", acrescenta João Barroso, responsável pelo projeto na CVRA. Até porque, apesar de não existir algo parecido na Europa, "no novo mundo – EUA, Austrália e Nova Zelândia, Chile – é quase prática corrente. Estamos num mercado global e, se muitos dos concorrentes o fazem, parece-me lógico que mais cedo ou mais tarde os outros países o façam também", refere.
Mas o plano não se resume a uma vantagem competitiva. O âmbito é maior porque as pressões ambientais são um problema real no Alentejo. Em última análise, o fim será "garantir condições para que o Alentejo consiga produzir vinhos durante muitos e muitos anos. Uvas e vinhos de qualidade, economicamente viáveis", aponta Francisco Mateus. De facto, negócio e proteção ambiental estão intimamente ligadas: adotando as boas regras promove-se um consumo menor de recursos como água e energia.

Poupança de água

João Barroso dá o exemplo de um produtor que passou para um modelo de reutilização de águas "e, com um investimento de mil euros, conseguiu poupar 30 milhões de litros de água por ano. No Alentejo temos de tudo. Produtores gastam 14 litros de água para produzir um litro de vinho. Outros apenas litro e meio. Não é incomum gastarem-se oito, 10 litros. Muitas pessoas não têm ideia, mas a água é um dos maiores custos no vinho."

E existem outros exemplos, como "as casas de morcegos. Não custam nada, são uma caixa de madeira com dimensões adequadas a morcegos e basta uma para 50 hectares de vinha. Os morcegos comem os insetos e ajudam a prevenir as pragas. Não se usam pesticidas, poupa-se dinheiro e não se prejudica o meio ambiente. Em Cortes de Cima, como têm muitas pragas de caracóis, combatem-nos com um bando de gansos que entram nas vinhas e os comem." Veja-se também o exemplo da Adega de Borba, que tem o maior telhado verde (relvado) da Europa. "Como baixa a temperatura no interior, reduzem-se enormemente os custos energéticos."
O plano está organizado em três setores – Viticultura, Adega e V&A – para corresponder à diversidade dos membros da Comissão que podem ser apenas produtores de uva, adegas ou ter o ciclo completo. Os critérios a cumprir são extensos e apertados. "São 119 mas estamos já a acrescentar uma segunda leva para, em 2018/19, termos tudo pronto para poder certificar os produtores." Essa certificação será atribuída por uma entidade externa.
"Estamos no terreno há um ano e meio, dois anos", confessa o presidente dos Vinhos do Alentejo. "Em pouco tempo passámos para 90 membros e agora já contamos com 126. Nota-se uma boa aceitação."

Poderá parecer uma realidade reduzida, dado o universo de dois mil associados, mas representam "20% da área de vinha e 43% da produção." Trata-se das grandes referências, como as Adegas Cooperativas de Borba e Vidigueira, a Fundação Eugénio de Almeida, Esporão, Herdade do Peso, das Servas ou Cortes de Cima, entre muitos outros.
"O que nos interessa é chegarmos em breve a um ponto em que possamos dizer não que A ou B são sustentáveis, mas toda a região. Não se trata de greenwashing", conclui.

Investigadores criam primeira abelha robótica capaz de polinizar

28/11/2016, 14:57172

Investigadores da Universidade Politécnica de Varsóvia criaram a primeira abelha robótica, concebida para polinizar artificialmente.



O robô "não pretende substituir os insetos, mas ajudar o seu trabalho e complementá-lo", garantiu o investigador, que se recusa a comentar se são as abelhas reais ou os drones quem poliniza melhor


Investigadores da Universidade Politécnica de Varsóvia criaram a primeira abelha robótica, concebida para polinizar artificialmente, um 'drone' em miniatura que consegue encontrar uma flor, recolher o pólen e transferi-lo para outra flor e fertilizá-la.

Este inseto robótico já foi testado com sucesso no campo e a sua capacidade de polinizar surge como uma "alternativa esperançosa" para enfrentar a redução constante da população mundial de abelhas, disse o seu criador, o engenheiro Rafael Dalewski.

"No verão passado, fizemos o teste e já temos a primeira semente obtida através desta polinização artificial, pelo que fica provado que o nosso robô pode fazer quase o mesmo que as abelhas reais", explicou.

O robô "não pretende substituir os insetos, mas ajudar o seu trabalho e complementá-lo", garantiu o investigador, que se recusa a comentar se são as abelhas reais ou os drones quem poliniza melhor.

No entanto, o engenheiro admitiu que não foi capaz de conceber um 'drone' que consiga produzir mel, mas, admitiu, "a tecnologia avança muito depressa e cada vez surpreende mais".

O 'biodrone' pode ser programado para se concentrar numa determinada área ou para procurar flores de um determinado tipo para polinizar, tudo através de um programa informático.

A Politécnica de Varsóvia criou dois tipos de 'drones' polinizadores, um voador e outro terrestre, ambos equipados com uma espécie de espanador que espalha o pólen entre várias flores.

O terrestre tem mais autonomia de trabalho e sua bateria é mais duradoura, e, assim, "o agricultor pode retirar-se tranquilamente a casa e deixar o 'drone' a trabalhar, até que regresse de forma autónoma à sua fonte de energia".

Rafael Dalewski afirma que estes robôs podem ser também utilizados para uma "agricultura de precisão" como "doseadores inteligentes" de fertilizantes, adubos ou pesticidas, já que podem ser programados para depositarem determinadas quantidades, dependendo do tipo de planta ou de localização.

A universidade estima lançar os primeiros protótipos no próximo ano e iniciar o seu fabrico em sério dentro de dois anos.

A invenção é particularmente significativa tendo em conta que a mortalidade dos insetos polinizadores, de que dependem a maioria dos cultivos, aumenta todos os anos sem que se conheçam as causas.

Este fenómeno já é global, especialmente nos países com uma agricultura muito desenvolvida, e levou a que muitos cientistas alertem para os efeitos de um mundo sem abelhas.

Em 2014, a União Europeia fez um primeiro estudo sobre a mortalidade das abelhas, que apontou números entre 3,5% e 33,6%, dependendo dos países.

As abelhas são agentes fundamentais para a polinização, tanto para os cultivos como para a natureza. Se tal não ocorresse, o rendimento da agricultura baixaria, ameaçando espécies de plantas cujo único meio de polinização são as abelhas.

"A dieta mediterrânica é uma invenção americana"



Massimo Montanari é reconhecido como um dos maiores especialistas da história da alimentação. É professor de História Medieval e de História da Alimentação nas universidades de Bolonha e de Ciências Gastronómicas de Pollenzo

Itália é conhecida pela gastronomia. É difícil manter a imagem de que é um país onde se come bem?

Acho que para a Itália não é difícil. Itália é um país onde se come bem, concordo, mas come-se bem em tantos lugares no mundo. Acho que o específico da cultura e da cozinha italiana é a variedade. Isto é, o facto de em cada região, província, cidade e vila existirem receitas diferentes com alguns aspetos comuns. Acredito que este aspeto da variedade é aquele que faz que exista tanta procura da cozinha italiana no mundo. Vivemos numa época de globalização e em reação a este facto existe grande procura de cozinha ligada a territórios muito diferentes entre eles, não codificados. Isto é o que acredito ser a tradição italiana.

A cozinha italiana tem muita variedade, mas pensamos sempre em dois ou três elementos base: a massa, a piza...

Sim. Este é um bom exemplo. Falamos de massa e sabemos exatamente do que estamos a falar. Mas, depois, se tenho de representar concretamente o que é esta massa, há centenas de formas, centenas de molhos e condimentos, entre os quais há um aspeto comum, mas existe sobretudo uma grande diversidade.

"O prato italiano mais famoso - o esparguete à bolonhesa - não existe"
A cozinha italiana é também uma das mais imitadas no mundo. As imitações são facilmente bem conseguidas ou já se cruzou com restaurantes italianos, que de italianos não tinham nada?

O problema é a que a tradição italiana não existe. Isto é, não é codificada numa forma rígida. Este facto de que a cozinha italiana se pode imitar facilmente é um elemento de fraqueza, mas também de força. É de fraqueza porque nunca estamos certos de que aquilo que estamos para comer é aquilo que esperamos comer. Mas é um elemento de força exatamente devido a esta grande adaptabilidade da cozinha italiana que se mistura com tudo. Costumo dizer que é uma cozinha sociável. O próprio facto de não ser codificada torna-a imitável. Mas não acho que seja um mal, porque não sou purista. Não acredito que existam receitas verdadeiras e receitas falsas.

Alguma vez comeu um prato italiano noutro país e pensou que aquilo não era italiano?

Algumas vezes deparei-me com pratos italianos que não reconheço. Quando são pratos demasiado complicados. Até com a piza isto acontece. A piza italiana é feita sobre o reconhecimento dos sabores simples. Quando se torna demasiado complicada não é italiana. O prato italiano mais famoso do mundo - o esparguete à bolonhesa -, em Itália não existe. Em Bolonha ninguém o faz, quer dizer, hoje faz-se para os turistas. Mas este é um típico caso de invenção de um prato sobre uma base que depois se definiu italiana. Pega-se num molho, numa massa e se funciona, se agrada, porque não? É novo. Existem regras, mas existem também muitas exceções.

E isso não é um problema?

Não. Comi cozinha italiana no Japão, feita por chefs japoneses, extraordinária. Comi na Suécia, com peixe local, era cozinha sueca, mas senti que existia um toque italiano, na maneira como que vieram apresentados os produtos, no uso do azeite.

A tradição gastronómica é também um trunfo, usado por exemplo na diplomacia?

A comida sempre foi um facto político, seja porque é um símbolo de pertença a uma comunidade, de identidade, seja porque simplesmente é usado politicamente como mensageiro de um país. A comida exprime cultura, identidade, logo é um instrumento de comunicação formidável. Mas isto não é válido só para Itália, vale para todos os países que têm uma cultura culinária.

Hoje existem ameaças a esta identidade gastronómica?

Não diria ameaças, mas de reelaboração de identidade. Sublinho sempre que quando usamos a palavra identidade temos de pensar no plural, isto é, são muitas identidades. Não devemos pensar na identidade como um facto que é singular e imutável. Penso que existem na história da cozinha italiana, da Idade Média até hoje, continuidades importantes. Por exemplo, o facto de ser uma cultura que cresceu sob o signo da solidariedade, da comparação - nunca no sentido de descodificar a receita verdadeira, mas confrontar receitas diferentes - e a importância de certos produtos, como o parmesão, por exemplo. Na cultura gastronómica italiana, muitos nomes de produtos locais - o parmesão é produzido em Parma - são ligados a lugares, o que significa que estes lugares circulam. Porque se este produto fosse consumido só em Parma, não tinha este nome. Mas esta identidade muda. É inevitável, não é uma ameaça, é uma evidência.

Como se podem relacionar as cozinhas internacional e local?

A cozinha internacional muda a cozinha local, necessariamente porque hoje viajamos muito. A primeira maneira de conhecer os outros é comer a sua cozinha. É óbvio que se a cozinha italiana vai para a China, muda, e se a chinesa vem para Itália, muda. Mas este é o jogo da história, isto é, tudo aquilo que se move muda, porque entra em contacto com outra cultura. Penso que se pode ter uma cozinha italiana mais ligada ao passado, mais conservadora, mas pode ter-se também uma cozinha mais aberta a influências externas. Devemos ter um olhar aberto, tolerante. Pensar que há lugar para todos.

A dieta mediterrânica ainda é um exemplo de alimentação saudável?

A dieta mediterrânica é uma invenção americana. O que é a dieta mediterrânica? É a italiana, a grega, a marroquina, a espanhola? São tantas cozinhas diferentes. Quando a UNESCO reconhece a dieta mediterrânica como património da humanidade, não fala de receitas nem de produtos. Mas numa relação com a comida que é feita de sabermos o que estamos a comer, de convívio à mesa. É mais um modo de viver do que um modo de comer. E se antes falávamos das identidades que mudam, pensemos quantos produtos vêm da Ásia ou da América e compõem esta dieta. O tomate é americano, a beringela vem da Ásia e são essenciais.

Hoje é o momento da história em que se come melhor?

Não é possível responder a essa pergunta. Digamos que é um momento feliz, em que podemos escolher. Existe a fast food, mas podemos não ir. Temos de ter sempre em mente que comer não é imposto por quem faz a comida, mas é uma escolha de quem come. Somos nós que decidimos. Se estou em frente a uma trattoria romana e a um McDonald"s sou eu que decido onde entro. Há lugar para os dois.

Mas come-se melhor agora?

Penso que sim. De facto, depende com que época queremos comparar. Digamos que entre os anos 1960 e 1970, na Europa, houve um momento de grande distanciamento da cultura da comida porque era o momento do boom industrial. Tudo se tornou industrial, e as pessoas deixaram de cozinhar, de saber o que comiam. Foi um momento muito baixo na nossa cultura. Em relação a este momento houve uma melhoria, porque agora se fala muito de comida - demasiado, talvez, porque todos falam nos jornais, na televisão -, mas esta é também uma coisa positiva porque quer dizer que se está a dar novamente valor a este aspeto da vida. Existe muito mais atenção, sobretudo nas gerações mais jovens, não só com o que comem, mas também a cozinhar, para conhecer o que se faz e controlar o que se faz.