03 Janeiro 2016, domingo
"Pegada de Carbono da Cortiça: das Árvores aos Produtos". Assim se designa o projeto desenvolvido pela Universidade de Aveiro (UA) – Departamento de Ambiente e Ordenamento/Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) – e pelo Instituto Superior de Agronomia – Departamento de Recursos Naturais, Ambiente e Território/Centro de Estudos Florestais (CEF).
Este projeto teve como objetivo avaliar a pegada de carbono do setor da cortiça em Portugal, ou seja, as emissões e remoções de gases com efeito de estufa em todo o setor, desde a floresta até ao destino final dos produtos, incluindo o seu processamento industrial.
No que respeita ao sequestro de carbono pelo montado, o estudo conclui que o montado de sobro da Herdade da Machuqueira do Grou (Coruche) representou um sequestro de carbono de cerca de 250 g C / m2 / ano (média de 2009 a 2014), tendo sido um sumidouro mesmo nos anos secos de 2009 e 2012.
Este resultado confirma a estabilidade deste montado de sobro em termos de sequestro de carbono e contrasta com os resultados obtidos num montado de azinheira de menor densidade na região de Évora com um balanço próximo de zero em anos secos.
Os resultados preliminares indicam, ainda, que o descortiçamento não teve impactes significativos no balanço de carbono ao nível da árvore e do ecossistema mesmo no ano seco de 2015.
No ponto do projeto referente à acumulação de carbono nos produtos de cortiça, o mesmo estudo conclui que os produtos de cortiça produzidos a partir de cortiça nacional constituem reservatórios crescentes de carbono, quer durante a sua utilização quer quando são depositados em aterro, tendo acumulado entre 40 e 70 mil t C/ano nos últimos 15 anos.
Assim, a utilização de produtos de cortiça contribui para a mitigação das alterações climáticas, quer pela sua capacidade de acumular carbono quer pelo facto de substituírem produtos alternativos mais intensivos do ponto de vista energético.
O modelo de cálculo desenvolvido no projeto permite que os produtos de cortiça passem a ser incluídos nos inventários nacionais de gases com efeito de estufa, tal como já sucede com os produtos de madeira.
De realçar que o projecto foi desenvolvido entre julho de 2013 e novembro de 2015, sendo que as várias fases do estudo e o conjunto de informação que foi produzida durante a sua execução está disponível aqui.
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) foi a entidade promotora do projeto no âmbito do Concurso de Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico de 2012.
O projeto foi financiado por fundos nacionais através da FCT e por fundos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional através do Compete – Programa Operacional Fatores de Competitividade.
Para a Associação Portuguesa da Cortiça (Apcor) «este é um estudo que vem comprovar a importância do montado e da cortiça para a preservação do meio ambiente, na medida em que em todo o ciclo da sua produção a cortiça assume um papel de produto amigo do ambiente».
Fonte: Económico
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