domingo, 23 de outubro de 2016

China lança vinhas para o espaço para testar mutações genéticas

22/9/2016, 11:58

Cientistas chineses enviaram vinhas para o espaço, dentro do laboratório espacial Tiangong-2. A ideia é estudar as possíveis mutações genéticas que ajudem as plantas a resistir ao clima do país.

Com mais consumo de vinho do que qualquer outro país do mundo, e mais vinhas do que França, a China vê na vinicultura um potencial de crescimento económico para o futuro
AFP/Getty Images


O mais recente laboratório espacial chinês, o Tiangong-2, foi lançado para o espaço na semana passada e leva uma carga muito particular: vinhas. Segue a bordo do veículo espacial uma seleção das castas Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir. A ideia é avaliar qual o impacto das radiações cósmicas no material genético do vinho, no sentido de tornar as plantas mais resistente ao frio, à seca e aos vírus.

"Os cientistas chineses esperam que cultivar vinhas no espaço possa causar mutações que as podem tornar mais adequadas ao clima rigoroso das regiões vinícolas da China", escreve o Decanter, um site chinês dedicado à produção de vinho no país.

Em Ningxia, a região chinesa mais popular para o cultivo de vinhas, e que é conhecida pelas temperaturas geladas e pelo solo pouco fértil, os agricultores têm muitas vezes de enterrar as vinhas durante o inverno, para evitar que as plantas morram com as temperaturas, que podem chegar aos 25ºC negativos.

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O lançamento do laboratório espacial Tiangong-2, a bordo do foguetão Long March FT2 (Imagem: China Manned Space Program/Decanter)

De acordo com o mesmo site, as vinhas serão cultivadas durante o tempo de órbita da estação e, no regresso à Terra, serão analisadas e comparadas com um grupo de controlo, de vinhas que foram cultivadas durante o mesmo tempo na China. Os cientistas vão tentar descobrir quais as mutações que serão mais adequadas para o cultivo no território chinês.

Em outubro, dois astronautas chineses seguem para o laboratório, para, durante um mês, fazerem uma série de experiências com as vinhas. Além disso, o laboratório será usado para "levar a cabo experiências relacionadas com reparação de equipamentos em órbita, medicina aeroespacial, física e biologia, Distribuição Quântica de Chaves, relógios atómicos e ventos solares", esclarece o jornal britânico.

Com mais consumo de vinho do que qualquer outro país do mundo, e mais vinhas do que França, a China vê na vinicultura um potencial de crescimento económico para o futuro. Mas ainda há desafios que é preciso ultrapassar, considera Fongyee Walker, uma especialista chinesa citada pelo The Guardian. "Há muitos mitos: Temos de estar bem vestidos, usar um saca-rolhas, fazer isto e aquilo", explica a especialista, considerando que é possível "beber vinho num copo de cerveja, a acompanhar noodles numa esquina".

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