terça-feira, 7 de novembro de 2017

Quatro histórias de sucesso



António Silvestre Ferreira, da Vale da Rosa
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São todas empresas exportadoras de frutas e legumes e estão a responder ao aumento da procura com vontade de aumentar as áreas de produção através da compra ou do aluguer de terrenos, onde contam investir muitos milhões. Há também planos para diversificar negócios ou instalar produção e fábricas de embalamento no mercado externo. Os hábitos de consumo, com o biológico a crescer 30%, leva-os a acreditar que vale a pena lançar sementes neste tipo de produção.

Vale da Rosa: duplicar produção, turismo e fábrica

"Temos uma ambição e um sonho: em cinco anos queremos duplicar a nossa área de produção para 500 hectares e 15 mil toneladas de uva", revela Ricardo Costa, responsável de comunicação da Herdade Vale da Rosa. "Temos área própria que nos irá permitir concretizar esses objetivos e reforçámos 110 hectares com um acordo de 25 anos." Uma aposta que, com a plantação e a criação de estruturas de armazenamento e frio, poderá implicar um investimento de 25 milhões de euros, refere Ricardo Costa. Nos atuais 250 hectares da herdade em Ferreira do Alentejo são produzidas seis mil toneladas de uva, valor que em dois ou três anos poderá aumentar para oito mil toneladas, já que cerca de 25% do terreno ainda não está em plena produção. Mercados europeus como França, mas também Angola ou Malásia, absorvem entre 25% e 30% da produção da herdade, conhecida pelas uvas sem grainha. Diversificar está ainda nos planos da Herdade Vale da Rosa. Com a portuguesa Paladin lançou o vinagre com sabor a uvas Vale da Rosa. Uma parceria com a empresa da Golegã que querem dar continuidade. "Criámos uma empresa detida 50%-50%, a Sturnus, que tem a finalidade de transformar produtos vindos da terra", diz Ricardo Costa, em vinagres e não só. Há planos para lançar passas Vale da Rosa, tendo para isso seis hectares de terreno. O projeto para a fábrica está previsto para 2018 e deverá implicar 1,5 milhões de euros de investimento. A empresa quer potenciar o enoturismo: anualmente recebem quatro mil visitas, mas querem, através da Vale da Rosa Turismo, avançar no próximo ano com pacotes turísticos que incluem almoços debaixo da ramada. A faturação ronda os 12 milhões.

Luís Vicente: duplicar produção em Portugal


O grupo Luís Vicente, os donos da marca de frutos tropicais Plumb e da fruta desidratada Frubis, tem um novo mercado na mira. "Estamos a analisar Marrocos para irmos de corpo e alma: com presença permanente, um parceiro local, para criarmos uma operação de referência de frutas e legumes", diz Miguel Barbosa, diretor-geral da Luís Vicente. Casablanca e Rabat são as zonas estudadas para o projeto que vai da produção ao embalamento e distribuição e que deverá arrancar no primeiro trimestre de 2018 e implicar um investimento de 1,5 milhões. Angola (350 hectares), Costa Rica (500 hectares), Brasil e Portugal são algumas das geografias onde o grupo tem produção, assegurando ainda a comercialização de 60 mil toneladas de fruta por ano. Em Portugal - onde têm 200 hectares de terreno próprio, bem como 460 hectares através da Globalfrut, organização que reúne 80 produtores - produzem 15 mil toneladas/ano e o objetivo é crescer. "Até 2022 vamos duplicar volume de produção em Portugal de 15 para 30 mil toneladas", adianta Miguel Barbosa. Como? Ou pelo alargamento da base dos atuais 80 produtores, ou pela "aquisição/arrendamento de áreas de produção em que possamos produzir diretamente", podendo duplicar a área de produção própria, explica o diretor-geral. "Estamos à procura de várias possibilidades para aumentar os atuais 200 hectares", situados na Herdade Penique, em Ferreira do Alentejo. "Não necessariamente no Alentejo, zona oeste ou no Sul, no Algarve", são possibilidades. Aumentar o volume de produção passa ainda por alargar a base de produtos da Luís Vicente, com muitos pomares de pera rocha e maçãs. "Pensamos investir na produção de abacate, mais na zona do Algarve", admite Miguel Barbosa. Que investimento esta vontade de fazer crescer a produção vai exigir, o diretor-geral da Luís Vicente não revela. "Comprar ou alugar terrenos implica investimentos diferentes. Temos capacidade para o fazer", assegura. A Luís Vicente conta fechar este ano com 60 milhões de euros de faturação, um crescimento de 8% em relação a 2016.

Lusomorango: Faturar o dobro daqui a 5 anos

Os planos da Lusomorango são ambiciosos. "Queremos duplicar o volume de negócios em cinco anos", adianta Gonçalo Santos Andrade, vice--presidente da organização de produtores de pequenos frutos como framboesa, mirtilo e amoras. "Queremos chegar a 2022 com um volume de negócios acima dos 90 milhões", reforça o responsável da Lusomorango. Um crescimento empurrado pelas exportações para os mercados nórdicos, Benelux, Espanha e Reino Unido, "o país europeu com maior consumo per capita de pequenos frutos". Colocam a produção, que resulta de uma parceria com a gigante californiana Driscoll"s, nas principais cadeias de distribuição, sobretudo no mercado externo, que representa mais de 97% do volume de negócios. Quando arrancou em 2005 não era assim: as exportações representavam apenas 60%. Desde então muito mudou. O número de produtores associados cresceu de 5 para 34 e o volume de negócios de 5 para 44 milhões de euros em 2016. Ou seja, só a Lusomorango representa 37,6% dos 117 milhões de euros que Portugal exportou em pequenos frutos. Têm plantações em Odemira, Almeirim e Algarve, onde produzem framboesas (390 hectares), mirtilos (82 hectares) e amoras (26 hectares). "90% do volume de negócio é framboesa e tentamos que haja um maior equilíbrio com a de mirtilo. Morango só voltaremos a produzir quando se tornar rentável." O morango, que chegou a representar 80% da produção, já não faz parte da oferta. "Exemplo de que temos de ir ao encontro do que o mercado quer. O plano de negócio tem de partir do mercado para a produção e não desta para o mercado."

Vitacress: Amazon em Espanha pisca olho

Em Espanha, a Vitacress chamou a atenção de um gigante de tecnologia. "O agente que nos representa em Espanha foi abordado pela Amazon para sermos fornecedores", revela José Fradeira, diretor de vendas da Vitacress Portugal. A companhia de Jeff Bezos tem investido em centros de logística no mercado espanhol e depois da compra da Whole Foods espera-se que dê passos concretos no retalho alimentar, situação que poderá ter benefícios para a empresa detida pelo português Grupo RAR. Juntamente com Angola, Espanha é um dos mercados onde a Vitacress coloca produtos com a sua marca, mas também exporta matéria-prima para "países onde não consegue colocar o produto embalado dado a curta validade do produto". As exportações representam 30%. O primeiro mercado é Portugal, onde têm 300 hectares de produção, a maioria (250) em Odemira, onde está a sede e a fábrica de embalamento, mas também no Algarve (23 hectares). Mas a Vitacress quer expandir a área de produção. "Procuramos mais terras", diz José Fradeira. "Queremos aumentar a área de produção e parte dela convertê-la em agricultura biológica." Há que "ler os sinais de evolução do mercado", diz o diretor de vendas. "O mercado [dos frescos] tem crescido bem mais de 10% e no biológico 30%." Em 2016 faturaram 26 milhões de euros "crescemos 16%. Neste ano devemos manter as taxas de crescimento. Em 2018 contamos chegar aos 30 milhões.

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