A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) acusou hoje o Governo de se desresponsabilizar pelas causas e consequências dos incêndios e até pelos problemas ocorridos durante o combate às chamas, reclamando ajudas para os agricultores.
26/07/19 17:27 ‧ HÁ 16 HORAS POR LUSA
"Perante a enxurrada de legislação e a intensa propaganda governamental saídas a pretexto da prevenção e combate aos incêndios, a CNA logo afirmou que um dos principais objetivos dessas 'campanhas' oficiais visava a desresponsabilização do poder central - do Governo - e atirava para cima das autarquias e dos proprietários os problemas com a floresta nacional, sobretudo no vasto minifúndio", lê-se num comunicado da CNA.
Na nota, assinada pela direção nacional da confederação, são recordadas as declarações do primeiro-ministro na segunda-feira, enquanto decorriam os incêndios na zona de Mação e Vila de Rei, quando António Costa respondeu a críticas como a do vice-presidente da Câmara de Vila de Rei sobre a prevenção dos fogos.
"Eu não faço comentário enquanto os incêndios e as operações estão a decorrer e, sobretudo, não digo aos que são os primeiros responsáveis pela proteção civil em cada concelho, que são os autarcas, o que é que devem fazer para prevenir, através da boa gestão do seu território, os riscos de incêndio", disse o primeiro-ministro aos jornalistas, à margem da inauguração de unidades de saúde nos concelhos de Sintra e Amadora, no distrito de Lisboa.
Classificando as declarações de António Costa como "lamentáveis", a CNA lamenta que ameacem "ainda que veladamente" os autarcas dos concelhos atingidos pelos incêndios.
"Tais declarações provam as razões invocadas pelas CNA e merecem a nossa pronta denúncia. Sim, agrava tudo e por isso deve ser combatida, a desresponsabilização do Governo perante as causas e consequências dos Incêndios e até pelos maiores problemas ocorridos durante o combate ao flagelo", é salientando.
Na nota, a CNA reclama ajudas para os agricultores que sofreram prejuízos devido aos fogos, nomeadamente para a aquisição de alimentação animal.
Ao nível da floresta, a confederação propõe, entre outras matérias, a criação de "parques públicos de receção e comercialização de madeira 'salvada - ardida' para contrariar a ação de especuladores e permitir rendimento aos proprietários e produtores florestais.
A CNA faz ainda referência à forma como as populações têm sido tratadas depois das tragédias nos incêndios de 2017, considerando que essa é a única coisa de "diferente", pois assim que o fogo ganha impulso e começa a ameaçar pessoas e bens, de imediato as autoridades "'ocupam' as aldeias, as quintas isoladas, evacuam umas e outras - e fazem-no 'a bem ou à força'".
"A ação 'musculada', quiçá intimidatória como agora atuam as autoridades no terreno, não pode fazer esquecer outras ações -- também essenciais - a ter em conta no 'calor das chamas' e, sobretudo, em termos de ações de prevenção dos incêndios e das suas consequências vistas como um todo", defende a confederação, recusando também legislação repressiva que "semeia o medo de sanções"
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