Em busca do azeite perfeito, cientistas analisam genoma da oliveira
Na busca da perfeita azeitona e do mais puro azeite, uma equipa de pesquisadores espanhóis sequenciou o genoma da oliveira, que provavelmente é a árvore mais antiga que foi domesticada pelo ser humano.
A domesticação da oliveira, nome científico Olea europaea, ocorreu há cerca de 6.000 anos. O espécime sequenciado é da variedade conhecida como Farga, típica do leste de Espanha, e tem uma idade estimada em 1.200 anos.
É difícil encontrar uma árvore tão emblemática de uma região como é a oliveira, típica de países do sul da Europa, e com grande importância na dieta e na economia de países como Portugal, Itália, Grécia, e Espanha, este último país que responde por quase um terço dos três milhões de toneladas de azeite produzidas por ano.
A análise do genoma vai permitir estudar as diferenças entre variedades, tamanhos e sabores das azeitonas, assim como entender a longevidade da árvore, e a sua incrível capacidade de adaptação a terrenos áridos.
Outro objectivo é encontrar maneiras de proteger as oliveiras de infecções que causam grandes danos, como ataques pela bactéria Xilella fastidiosa e o fungo Verticillium dhailae. Linhagens da X. fastidiosa atacam vinhedos na Califórnia, laranjais no Brasil, e também são responsáveis por um surto infeccioso em oliveiras na região da Apúlia, sul de Itália.
O genoma da bactéria que causa a praga do amarelinho na laranjeira foi sequenciado por um consórcio de pesquisadores paulistas financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e publicado na revista científica Nature em 2000.
Já o genoma da oliveira foi desvendado por pesquisadores de várias instituições, como o Centro para Regulação Genómica (CRG), de Barcelona e o Real Jardim Botânico, de Madrid. A pesquisa foi financiada pelo Banco Santander; os resultados foram publicados na revista científica de acesso aberto GigaScience.
«No que diz respeito a várias doenças das oliveiras, o nosso consórcio não começou a estudar as interações entre os elementos patogénicos e o hospedeiro, mas esperamos que o acesso ao genoma da azeitona acelere essa investigação», diz Tyler Alioto, pesquisador do CRG.
«É uma planta muito difícil para aperfeiçoar, pois é preciso esperar pelo menos 12 anos para ver que características morfológicas terá, e se é aconselhável fazer cruzamentos», diz o principal autor do artigo, Toni Gabaldón, também do CRG.
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