A maioria dos trabalhadores timorenses está envolvida em agricultura de subsistência, setor de atividade com baixos níveis de produtividade e que, por isso, continua a condicionar o combate à pobreza em Timor-Leste, segundo um estudo do mercado laboral timorense.
O estudo, realizado por académicos da universidade australiana de Monash, revela que menos de metade dos adultos trabalha e que o rácio de dependentes - crianças e idosos relativamente ao número de trabalhadores ativos - é de 90%, um dos mais elevados do mundo.
Segundo o estudo, mais de 64% dos trabalhadores estão envolvidos na atividade agrícola, sendo que 95% dessa atividade agrícola continua a ser de subsistência, o que "sugere que quase 60% de todos os trabalhadores estão envolvidos em agricultura de subsistência como a sua principal ocupação laboral".
A análise faz parte de um estudo sobre o mercado laboral em Timor-Leste feito pelos académicos Brett Inder e Katy Cornwell, do Centro para Economia de Desenvolvimento e Sustentabilidade, da universidade australiana Monash.
Globalmente o estudo refere que trabalham em Timor-Leste cerca de 389 mil pessoas, dos quais quase 250 mil são agricultores por conta própria.
O Estado emprega 65.800 pessoas, cerca de 40.700 trabalham por conta própria, 18 mil têm negócios agrícolas ou outros, 5.100 trabalham em organizações não governamentais e cerca de 1.200 em embaixadas ou instituições internacionais.
Comparando a situação com o vizinho mais próximo, a Indonésia, o estudo nota que os timorenses têm um salário mínimo mais elevado (115 dólares comparativamente aos 112 dos indonésios) mas que só 53% dos adultos trabalham (são 66% na Indonésia) e 80% dos empregues estão no setor informal, contra 53% no país ao lado.
De particular destaque é o número de pessoas que dependem dos trabalhadores ativos, que é de 90%, muito mais elevado que a média da região, que ronda os 50%.
O maior grupo de dependentes são crianças, já que 39% da população tem menos de 15 anos, valores acima dos registados em países como o Vietname (23%) ou Laos (35%).
"A relativamente pequena proporção de adultos que trabalham tem que apoiar significativamente mais dependentes que os seus congéneres nos outros países na região. E o elevado número de crianças deixa sérios desafios para os próximos anos. Que tipo de trabalhadores haverá para uma crescente população à procura de trabalho?", questiona o estudo.
O estudo estima que o valor da produção agrícola timorense ronde os 200 milhões de dólares, o que dá um "valor de produção agrícola de cerca de 800 dólares por trabalhador por ano", sendo que o rácio é de um trabalhador por cada três pessoas.
Isso implica que a produção agrícola é de apenas 240 dólares por sessão, nota o estudo, valor que é apenas 40% da linha de pobreza, que é aproximadamente de 600 dólares por ano.
"Se todo o rendimento do setor agrícola for para as famílias de agricultores (sendo que quase de certeza só parte desse rendimento fica com os agricultores), a família média timorense tem que viver com menos de metade da linha da pobreza", nota o estudo.
Daí que o estudo sugira que "transformar o setor agrícola é absolutamente vital" num país onde a maioria da população depende dessa atividade para a sua vida, a par de um maior esforço de diversificação da economia.
Fortalecer as técnicas de produção, uso de mais equipamento, formação e ampliação de mercados são algumas das recomendações do estudo.
Sem comentários:
Enviar um comentário