17.03.2018 / 15:43
Quantidade e qualidade das azeitonas surpreenderam a cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos
A maior cooperativa de produção de azeite em Portugal, a de Moura e Barrancos, no Alentejo, reflete bem o salto produtivo alcançado a nível nacional. Ela própria atingiu um recorde, quase duplicando a produção face ao ano anterior. Até 12 de março, o último dia da campanha 2017/18, entraram 45 milhões de quilos de azeitonas (+95% face ao ano anterior) e, deles, a cooperativa estima obter cerca de nove milhões de litros de azeite.
Para o "recorde de todos os tempos", como sublinha Luís Saraiva Crisóstomo, assessor do conselho de administração, contribuíram apenas os associados da cooperativa, num total de 4000. Apesar de apenas 1200 serem olivicultores, a produção de azeite representa 90% do "core business" do organismo. Antecipando a pergunta, remata: "Não entra nada de fora dos nossos associados, nem compramos azeite de fora".
E o que contribuiu para a abundância inesperada? "Esta é uma zona de excelência para o olival, devido às condições edafoclimáticas e à tradição da atividade na região", explica Luís Crisóstomo. Inclusive, recorda que o azeite de Moura foi o primeiro a ver reconhecida a Denominação de Origem Protegida, além de continuar a ser a maior DOP de azeite em Portugal. O predomínio de olival tradicional, isto é, extensivo e de sequeiro, tem proporcionado ciclos de grande produção que alternam com outros de baixa produção. O que acaba de ocorrer é um ciclo generoso.
Para evitar a oscilação produtiva, a cooperativa aguarda pelo alargamento do perímetro de rega do Alqueva, onde o regadio poderá ajudar a estabilizar a produção. "Esta quantidade foi uma boa surpresa e a qualidade é excecional", uma vez que as elevadas temperaturas acabaram por afastar as pragas, com a feliz coincidência de a oliveira ser uma planta de sequeiro, bem adaptada à escassez de água. A entrada em produção de olivais mais recentes foi outra chave para o êxito da atual campanha, admite Luís Crisóstomo.
O foco vai ficar agora colocado na comercialização do azeite. O mercado nacional absorve a totalidade da produção da cooperativa, mas, de ano para ano, a exportação tem vindo a conquistar o seu lugar. Luís Crisóstomo explica: "A ideia é vender em mercados onde há valor acrescentado, onde valorizem a nossa qualidade. Não é por acaso que o nosso azeite tem arrebatado tantas distinções, em concursos nacionais e internacionais.
Afinal, somos o melhor azeite do mundo!", um título, aliás, exibido por outros produtores nacionais, como os azeites transmontanos Romeu, CARM e Casa de Santo Amaro ou Gallo. O olival é a maior área cultivada no Alqueva O olival é a principal cultura do Alqueva, com 41, 2 mil hectares, em 2017, segundo a EDIA, e deverá aumentar. Representa mais de metade do perímetro de rega do empreendimento e quase um quarto da área oleícola do Alentejo. A maior parte dos cerca de 97 espanhóis que investem no Alqueva detêm 35% do olival. São os maiores investidores estrangeiros. O que produzem conta como produção nacional e se o vendem a Espanha entra nas nossas exportações.
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