O PSD questionou hoje o Ministério da Agricultura sobre a retirada de peças, "nos últimos dias" e "sem qualquer explicação", do espólio museológico da coudelaria de Alter do Chão, no distrito de Portalegre.
A pergunta dirigida ao ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, e hoje enviada à agência Lusa, foi entregue na Assembleia da República, subscrita por quatro deputados do PSD, incluindo Cristóvão Crespo, eleito pelo círculo eleitoral de Portalegre.
Considerando a situação "anómala e estranha", os social-democratas querem saber se o Ministério da Agricultura "confirma" o levantamento das peças e em que altura ocorreu, bem como quem é a entidade responsável e com que fundamentação foi tomada a decisão.
Cristóvão Crespo, Rubina Berardo, Maurício Marques e António Lima Costa sublinham que o espólio é "muito rico e variado" e querem saber quais as peças que foram levantadas e as que se mantiveram na coudelaria de Alter.
Os social-democratas questionam ainda sobre o destino das peças retiradas e as condições em que se encontram as que se mantiveram, lembrando que a história da coudelaria de Alter está "intimamente ligada" à história de Portugal e representa um património cultural que exige ser "preservado e divulgado".
O espólio museológico da coudelaria, recordam, assenta na galeria de exposições, que acolhe desde o ano de 2000 a mostra "O Cavalo e o Homem - Uma Relação Milenar", com peças da coleção particular de Rainer Daehnhardt, algumas com cerca de três mil anos.
Na galeria de exposições também é possível observar peças arqueológicas que foram encontradas na tapada do Arneiro, fruto das investigações arqueológicas levadas a cabo pelo núcleo de arqueologia da Universidade de Évora.
O complexo inclui também uma loja onde podem ser adquiridas peças de artesanato da região, bem como documentação sobre a coudelaria e o Cavalo Lusitano.
O Centro de Receção e Interpretação, situado nas Casas Altas, alberga outra exposição, que mostra as atividades e valências da coudelaria e do cavalo Alter Real.
Na Casa dos Trens encontra-se a exposição "Carros de Cavalos do século XIX" e um pavilhão onde está exposta uma parte da coleção de arreios e carros de cavalos, pertencentes à coudelaria.
Uma das áreas do património edificado da coudelaria está envolvida no programa Revive, lançado pelo Governo, com o objetivo de transformar o espaço num hotel, tendo sido lançado o concurso para a sua concessão no dia 23 de abril deste ano.
A coudelaria, que emprega cerca de 30 pessoas, passou a ser gerida, em março de 2007, pela Fundação Alter Real (FAR), após a extinção do Serviço Nacional Coudélico, no âmbito do então Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado.
Após a extinção da FAR, em agosto de 2013, a Companhia das Lezírias assumiu a gestão da coudelaria, sendo o Laboratório de Genética Molecular da responsabilidade da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.
A Coudelaria de Alter do Chão, fundada em 1748 por D. João V, desenvolve trabalhos de seleção e melhoramento de cavalos Lusitanos e possui uma unidade clínica dotada de meios para o acompanhamento e tratamento médico dos animais, além de acolher, nas suas instalações, entre outras valências, o Laboratório de Genética Molecular.
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