MOÇAMBIQUE 21-03-2019 19:00
Lusa
O diretor-executivo do Observatório do Meio Rural, João Mosca, admitiu hoje que a recuperação da produção agrícola do centro de Moçambique poderá levar vários anos, pelo que o país precisará de apoio internacional. O responsável daquela organização da sociedade civil moçambicana falava hoje à agência Lusa, em Maputo, sobre as consequências da passagem do ciclone Idai pelo centro de Moçambique.
«As populações perderam património pessoal e familiar e vai levar muitos anos para a economia repor essa capacidade», afirmou João Mosca.
Apesar de ainda ser cedo para ter a dimensão dos prejuízos, a devastação causada pelo ciclone Idai é maior e a capacidade de produção e padrão de vida das populações foram destruídos, acrescentou João Mosca.
O diretor-executivo do Observatório do Meio Rural assinalou que as inundações e os ventos fortes destruíram grandes superfícies de produção agrícola e pecuária, atingindo empresas e famílias que se dedicam ao setor. «A situação é gravíssima, abrange uma superfície muito grande, com muita população, numa zona de produção, agrícola e pecuária», frisou.
A região centro de Moçambique é um importante centro de produção de cereais, açúcar, fruta e hortícolas e a destruição causada pelo ciclone Idai poderá encarecer os produtos.
«O que é importante é o que acontece depois das cheias, será preciso ver como é que aquele potencial produtivo pode ser recomposto e isso vai exigir muita concentração de meios», assinalou.
Mosca enfatizou que também será necessária capacidade institucional para a recuperação da capacidade produtiva do centro de Moçambique, principalmente na província de Sofala, para ajudar as populações a recuperarem o poder de geração de alimentos.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alertou hoje para o impacto negativo no abastecimento de cereais no país, devido ao Idai, assinalando que a região centro contribui com 40% a 50% de cereais produzidos em Moçambique.
«Apesar de os resultados da avaliação dos prejuízos não estarem ainda disponíveis, espera-se que a perda de culturas seja extensa nas áreas afetadas pelo ciclone Ida«", lê-se numa avaliação preliminar da FAO divulgada hoje em Maputo.
A produção de cereais no centro do país, prossegue o documento, poderá ficar abaixo da média dos últimos anos, refere aquela organização.
A FAO assegura que é esperado um agravamento do preço de produtos como milho, confirmando uma tendência que se já se verifica desde o início do ano.
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