Penela, Coimbra, 02 jul 2019 (Lusa) - Os agricultores com prejuízos causados por ataques de javalis e veados no distrito de Coimbra vão exigir ao Ministério da Agricultura o levantamento e pagamento dos estragos, foi hoje anunciado em conferência de imprensa.
Lusa
02 Julho 2019 — 13:13
Isménio Oliveira, coordenador da Associação Distrital de Agricultores de Coimbra (ADACO), disse à agência Lusa que existem dezenas de agricultores lesados nos concelhos de Soure, Condeixa-a-Nova, Penela, Miranda do Corvo e Lousã, com vinhas e terras de cultivo completamente devastadas.
"No Rabaçal (Penela), um hectare de estufas de produção de caracóis está inoperacional desde janeiro, com a produção suspensa, depois de um ataque de javalis que causou largos milhares de euros de prejuízo", revelou.
Na manhã de hoje, numa conferência de imprensa em Penela, a ADACO e uma comissão de agricultores lesados de Penela, Miranda do Corvo e Condeixa-a-Nova exigiram medidas ao Ministério da Agricultura, que passam pelo levantamento e pagamento dos prejuízos, alterações à lei para que o Governo passe a assumir as indemnizações aos agricultores e controlo da densidade da população de javalis e veados.
"Existe uma lei que obriga as zonas de caça associativa a assumir os prejuízos aos agricultores, mas, como elas não têm essa capacidade, a lei é inoperacional e ninguém resolve o problema da compensação pelos estragos causados", frisou Isménio Oliveira.
Para o dia 31, está agendada uma concentração de lesados dos distritos de Coimbra, Viseu e Leiria, em Lisboa, frente ao Ministério da Agricultura, para entregarem uma exposição e reclamarem "o levantamento e pagamento dos prejuízos aos agricultores afetados".
Desde o início do ano, a ADACO já realizou quatro reuniões com lesados dos ataques de javalis e veados, a primeira em Penela, em janeiro, que reuniu três centenas de agricultores.
No início de maio, a pedido da associação, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) promoveu uma reunião também no concelho de Penela, em que estiveram presentes agricultores e responsáveis das zonas de caça associativa.
Segundo Isménio Oliveira, na reunião ficou decidido que o ICNF iria reunir com os responsáveis das zonas de caça associativa e Direção-Geral de Veterinária para se encontrar uma solução para que a carne de javalis e veados abatidos pudesse ser comercializada em restaurantes.
"Até não hoje não soubemos mais nada", queixou-se o coordenador da ADACO.
No início de abril, o Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural determinou a elaboração de um estudo para determinar a real dimensão e impacto do alegado aumento da população de javalis e dos eventuais prejuízos daí decorrentes.
"Estamos muito céticos quanto a esse estudo, mas o que queremos é que sejam tomadas medidas", sublinhou Isménio Oliveira.
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