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por Lusa20 Junho 2009
A região Sudeste do Brasil começou a produzir azeite em escala comercial, o que poderá futuramente diminuir a dependência externa do mercado brasileiro, actualmente dominado por marcas portuguesas e espanholas.
O início da produção foi assinalado este mês por produtores de Maria da Fé, uma pequena cidade na Serra da Mantiqueira, um conjunto de montanhas entre os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A produção foi resultado de um processo liderado pela unidade experimental da EPAMIG, a empresa estatal de investigação agropecuária do Estado de Minas Gerais, que incluiu a importação de uma máquina extractora de Itália.
Com capacidade para esmagar 100 quilos de azeitonas por hora, a máquina deverá produzir cinco toneladas de azeite em 2010, volume ainda pequeno, quando comparado às 35.000 toneladas consumidas anualmente no Brasil.
"Trata-se do início da produção brasileira, que poderá diminuir a dependência das importações porque temos muitas áreas disponíveis para cultivo de oliveiras", disse à agência Lusa o gerente da EPAMIG.
Nilton Caetano salientou que o Brasil é o quinto maior importador mundial de azeite e o terceiro de azeitonas, o que representa um gasto anual de 400 milhões de dólares (287 milhões de euros).
Actualmente, o mercado brasileiro é dominado por marcas portuguesas como Gallo, líder com 24 por cento do total, e Andorinha, do grupo Sovena, com 11 por cento.
Gallo e Andorinha fazem parte de um selecto grupo de marcas importadas, como as espanholas Borges e Carbonell, que detêm cerca de metade do mercado brasileiro de azeites.
As primeiras garrafas de azeite produzidas por cerca de uma centena de produtores da cidade de Maria da Fé deverão chegar ao mercado brasileiro no primeiro semestre de 2010.
A região de Maria da Fé, com cerca de mil metros de altitude acima do nível médio do mar, regista uma temperatura média anual de 17 graus centígrados.
O clima frio para os padrões brasileiros, considerado apropriado para a hibernação das oliveiras, tem levado os produtores locais a investirem na plantação de mudas produzidas pela EPAMIG.
Nilton Caetano avançou que, com o aumento da área plantada na região, actualmente com 200.000 oliveiras, a produção de azeite deverá ascender a cerca de 20.000 toneladas em 2012.
Cada hectare na região da Serra da Mantiqueira tem capacidade para produzir cerca de 10 toneladas de azeitona por ano, o que representa duas toneladas de azeite.
"Teremos em breve que investir na importação de máquinas com maior porte para conseguir extrair todo o azeite produzido na região", disse o responsável.
O azeite produzido em Maria da Fé é considerado extra virgem, com acidez inferior a um por cento, o que coloca o produto no topo da escala de valorização do mercado.
A produção de azeite no Brasil sempre esbarrou no clima pouco propício, considerado um dos principais factores para o cultivo de oliveiras fora da Mediterrâneo, região que concentra os maiores produtores mundiais.
O consumo per capita brasileiro é considerado baixo para os padrões internacionais, cerca de 200 mililitros ano, enquanto Portugal e Espanha consomem entre seis a 10 litros.
Projecções do Conselho Oleícola Internacional (COI), entidade que representa os países produtores, indicam que o consumo de azeite no Brasil deverá duplicar até 2015.
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