quarta-feira, 11 de julho de 2018

Governo quer agricultores a produzir mais cereais e leva assunto a Conselho de Ministros



11.07.2018 às 12h30

 
ALBERTO FRIAS
Estratégia nacional para os cereais vai esta quinta-feira a Conselho de Ministros. Este ano Portugal bateu no fundo com a produção mais baixa de sempre. Mas o Governo quer ajudar a inverter a situação

Vítor Andrade
VÍTOR ANDRADE
O Governo vai aprovar esta quinta-feira em Conselho de Ministros a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais, recentemente apresentada pelo sector.

O Expresso sabe que o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, pretende, com a subida deste tema à mesa do Conselho de Ministros, colocar o assunto definitivamente na agenda política e dar também um sinal aos agricultores de que o Governo continua atento ao que se passa no sector e que o quer dinamizar.

"Temos a perfeita noção de que Portugal nunca será um grande produtor de cereais e que jamais se aproximará das quantidades necessárias para o consumo próprio (o que significa estar dependente das importações) mas também sabemos que é possível fazer muito mais", sublinha o ministro.

A SEMENTEIRA MAIS FRACA DOS ÚLTIMOS 100 ANOS
Note-se que, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, há já cinco anos consecutivos que Portugal regista uma diminuição da área semeada de cereais, prevendo-se que na campanha em curso se atinja um mínimo histórico de 121 mil hectares, a menor área dos últimos cem anos - desde que existem registos sistemáticos.

No caso do trigo, por exemplo, Portugal apenas produz 6% das suas necessidades anuais. A compra a terceiros é cada vez mais uma opção inevitável para conseguir alimentar o país.

Os dados que foram divulgados pelo INE, na verdade, e segundo alguns agentes do sector, apenas confirmam aquilo que já se temia: Portugal não é competitivo no mercado dos cereais.

É praticamente impossível concorrer, por exemplo, com países como a França, onde se produzem 10 toneladas de trigo panificável por cada hectare, quando nas melhores terras para cerreais do Alentejo não se consegue ir além das 4 toneladas. Quando se atingem 5 toneladas já é qualquer coisa de extraordinário.

AUMENTAR OS NÍVEIS DE AUTOAPROVISIONAMENTO
É neste contexto que surge a Estratégia Nacional para os Cereais, recentemente apresentada pelo Governo, em estreita colaboração com as principais associações de produtores. O objetivo, que sobressai das 95 páginas do documento, é óbvio: impulsionar a produção dos cereais em geral, mas dos chamados praganosos em particular, de onde sobressai o trigo. Passar do atual nível de autossuficiência – da ordem dos 6% - para mais de 20% em cinco anos é possível, dizem os responsáveis pela produção.

O grau de autoaprovisionamento nacional nos cereais em geral, que era de cerca de 60% em 1989, ronda atualmente os 23%, uma vez a produção não acompanhou o aumento do consumo interno, em particular para alimentação animal.

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