Tiago Oliveira, presidente da AGIF, estrutura coordenadora do sistema de prevenção e combate aos fogos rurais
Podem estar à porta meses complicados com incêndios devido ao inverno seco que o país atravessa. O alerta foi feito pela AGIF, o braço técnico do Governo na estratégia contra os fogos, para justificar o reforço de meios aéreos que haverá em 2019, principalmente a Norte.
Tiago Oliveira, presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), que funciona sob a alçada direta do primeiro-ministro, António Costa, alertou, esta quinta-feira, que há estudos da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) que apontam para as possíveis consequências nefastas de um "inverno pouco chuvoso".
De acordo com o responsável, essa previsão justifica o reforço com que o contingente de meios aéreos para combate a incêndios irá contar este ano, passando dos 55 helicópteros e aviões, disponíveis em 2018, para os 61, como já tinha anunciado o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, na semana passada.
Numa conferência de imprensa na Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa, onde apresentou uma campanha nacional de sensibilização sobre fogos rurais, o rosto da AGIF disse que "há mais meios aéreos na campanha deste ano, porque estamos este ano com um inverno pouco chuvoso e já sabemos que quando há um inverno pouco chuvoso temos de estar mais atentos".
"Há um estudo da Proteção Civil que recomenda um reforço de meios a Norte", disse, frisando que o "processo [de aumento de meios] é dinamico". "Acho que é melhor estar do lado seguro da equação enquanto não se consegue reduzir as ignições", acrescentou.
Tiago Oliveira não partilhou da preocupação no atraso na contratação das aeronaves, como assumiu, ontem, o presidente da ANCP, o general Mourato Nunes, numa audição parlamentar.
Em causa está o facto de a Força Aérea, que assumiu a gestão dos meios aéreos de combate em dezembro de 2018, ainda não ter lançado o concurso internacional de contratação de tais aeronaves e cujo custo pode ascender aos 110 milhões de euros. No anterior concurso, ainda a cargo da ANPC, houve vários contratempos entre o Estado e os privados, que levou a que o processo de contratação tivesse levado quase seis meses a ficar concluído, apesar de ter arrancado em dezembro de 2017. E, com fevereiro a começar, ainda não há sinais de tal concurso.
"Na nossa boa tradição portuguesa, a ajuda vem sempre dos céu. Mas o problema é terrestre, é com as pessoas. Não é com tecnologia que se vai resolver [este problema dos fogos], é alterando os comportamentos. Se tivermos menos incêndios não vão ser precisos tantos meios aéreos", defendeu.
Contudo, explicou, trata-se de "um ano em que é preciso mostrar que há avanços no sistema". Daí que a AGIF, entidade que coordena o sistema de prevenção e combate aos fogos rurais, pretenda que não "haja possibilidades, de havendo um ano mais seco" e após um 2018, em que não ocorreram "tantas pressões sobre os meios como nos anos anteriores", de algo correr mal.
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