15.06.2016 às 14h051
"O sabor da urtiga fica entre o espinafre, a couve ou os brócolos, com um ligeiro efeito de formigar na boca"
Confraria da urtiga está empenhada em trazer de volta a planta para os pratos dos portugueses. Come-se em doces e salgados
RUBINA FREITAS
Se para a maior parte das pessoas a urtiga traz más memórias de infância, em Fornos de Algodres, capital da urtiga, a coisa pica de outra maneira. Há desde 2009 uma confraria empenhada em incentivar a utilização daquela planta na alimentação.
Sim, a urtiga come-se e não é de hoje. A planta chegou a estar a par da rúcula, acelga e beldroegas, em destaque na cozinha tradicional portuguesa. Diz quem sabe que tem mais vitaminas e minerais do que os espinafres e os brócolos e é rica em ferro. É mais fácil de cozinhar do que apanhar, já que é preciso luvas. A única parte da urtiga que se aproveita para a cozinha é a sua folha, uma vez que os caules são fibrosos. O seu sabor fica entre o espinafre, a couve ou os brócolos, com um ligeiro efeito de formigar na boca.
Se ainda não está convencido talvez seja de provar a última iguaria feita com a planta. São as queijadas de urtiga, confecionadas por Amélia Reis, 70 anos, residente na aldeia de Juncais, a partir de uma receita que tem como ingredientes açúcar, farinha, leite, ovos e urtiga."A ideia nasceu do nosso grão-mestre da confraria. Uma vez que eu era confrade, um dia ele lançou-me o desafio de arranjar um bolo onde se pudesse adaptar a urtiga. Então eu, com uma receita que tinha, comecei a fazer experiências", contou Amélia Reis. O próximo passo é a sua legalização e colocação no mercado. Esta iguaria vem-se juntar à alheira de urtiga, que já está a ser comercializada.
O grão-mestre, Manuel Paraíso, garante que a urtiga dá para tudo: sopa, peixe, carne, queijos e até bombons ou cerveja artesanal. Se quiser experimentar é ir pelos campos, colher umas folhas e testar umas receitas.
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