terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Proposta europeia para reforma da PAC penaliza Portugal

21 de Dezembro, 2010
A CNA criticou hoje a proposta da Comissão Europeia sobre a reforma da
Política Agrícola Comum por manter como objectivos principais a
competitividade, a liberalização mundial do comércio agroalimentar e a
renacionalização dos custos da PAC.
«Estamos muito preocupados com as perspectivas da Comissão, porque
apesar da proposta estar cheia de boas intenções, mantém como
objectivos essenciais a competitividade, o desligamento das ajudas da
produção, a liberalização das trocas comerciais de bens
agroalimentares e a renacionalização dos custos da PAC», disse hoje o
dirigente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Dinis.
Uma delegação da CNA foi hoje recebida pelo ministro da Agricultura,
António Serrano, para falar das perspectivas desta organização de
agricultores sobre a reforma da PAC, para o período de 2013/2020.

«É fundamental que o Governo negoceie com Bruxelas para que a proposta
de reforma da PAC, avançada pela Comissão a 18 de Novembro, promova
uma equilibrada redistribuição das verbas entre os vários
Estados-membros, as várias produções e os diferentes tipos de
agricultores ou de empresas da agroindustriais», realçou o dirigente.
«Estão abertas as portas e janelas para que Portugal, entre outros
países, venha a ser prejudicado com a renacionalização dos custos da
PAC», garantiu.
A CNA considera que a proposta da Comissão reflete fundamentalmente as
posições do eixo franco-alemão, acusando os dois países de «negociarem
por telefone» e de procurarem «impor unilateralmente» as suas
posições.
O documento da Comissão «está cheio de boas intenções, mas nós já
estamos fartos, porque de boas intenções está o inferno cheio»,
justificou o dirigente da CNA.
«É inaceitável a posição conjunta destes dois países da União Europeia
em relação à proposta e às perspectivas da reforma da PAC», sublinhou.
Até agora, desde que Portugal entrou na PAC e pôs em prática os
objectivos estratégicos «da competitividade e da vocação exportadora
liberal», isto conduziu a uma «situação de ruína» da agricultura
familiar e do mundo rural, mas também na Europa, justifica a CNA.
«Portugal perdeu a sua soberania alimentar, isto é, está hoje sem
capacidade de definir o seu próprio modelo de agricultura e a importar
cada vez mais produtos, com o défice da balança agroalimentar [tirando
os produtos florestais] a aproximar-se dos quatro mil milhões de euros
por ano», conclui a organização.
Sol/Lusa
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=7512

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