31 Dezembro 2010 | 13:44
Carla Pedro - cpedro@negocios.pt
O ano de 2010 foi positivo para a generalidade das matérias-primas,
mas o movimento de subida não deverá ficar por aqui. Muitas são as
casas de investimento que prevêem uma continuação da tendência em
2011. Nalguns casos, como o do cobre, esperam-se novos máximos
históricos. Para o petróleo, o patamar dos 100 dólares é quase certo.
Mas é o ouro que sobe há mais tempo. E se as estimativas forem
certeiras, o metal amarelo vai subir pelo 11º ano consecutivo.
Em 43 matérias-primas, apenas seis desceram no acumulado do ano até 6
de Dezembro, dizem as contas dos analistas do Barclays Capital
(BarCap). Entre as maiores valorizações está o algodão (87,7%), gás
natural do Reino Unido (86,4%), paládio (83,7%), prata (76,5%), trigo
(54%), café (53,5%) e estanho (50,3%).
Não há dúvidas, sublinham os estrategas da entidade britânica, que a
agricultura foi o sector das matérias-primas mais forte este ano. E em
2011, prognosticam, os fundamentais da procura continuarão a melhorar,
neste e noutros sectores das "commodities", com várias matérias-primas
preparadas para fixarem novos máximos. Os receios em torno da dívida
soberana teriam de agravar-se muito mais ou o crescimento da China
teria de abrandar muito mais depressa do que o previsto para a
tendência de subida dos preços não se confirmar, argumenta o BarCap.
Comecemos pelos metais. Para os analistas do Bank of America Merrill
Lynch, a aposta vai para o ouro, prata, platina e cobre. Na energia,
petróleo e carvão. Nos cereais, é o milho que vai dominar, dizem. Tudo
à conta dos baixos inventários nos EUA e da elevada procura para a
produção de etanol. Em contrapartida, para o gás natural esperam – tal
como o Goldman Sachs - uma queda, sobretudo devido ao aumento da
produção.
Segundo as perspectivas dos analistas do banco de investimento
norte-americano para o ouro em 2011, os bancos centrais deverão
continuar a diversificar as suas reservas, dando preferência ao metal
amarelo.
Também o Goldman Sachs diz que a escalada do ouro continuará em 2011,
mas avisa: "prepare-se para que em 2012 atinjam o pico". "Como
esperamos que os EUA mantenham as taxas de juro baixas em 2011,
estimamos que o ouro continue a subir e o nosso preço-alvo para daqui
a 12 meses é de 1.690 dólares por onça. Mas quando olhamos para 2012,
reiteramos que o metal amarelo, aos preços actuais, continua a ser
muito atractivo, mas não é um investimento para o longo prazo.
Prevemos um preço médio de 1.700 dólares por onça em 2012, mas é
prudente os investidores prepararem-se para ser o ano do pico",
sublinham.
O ouro acumula este ano uma subida em torno dos 30%, tendo atingido no
passado dia 7 de Dezembro um máximo histórico de 1.432,50 dólares por
onça.
Os analistas do Barclays Capital (BarCap) – que colocam o petróleo,
cobre e milho entre os melhores desempenhos gerais de 2011 - também
continuam positivos no ouro, no curto prazo, uma vez que o risco da
dívida soberana, as incertezas macroeconómicas, os receios em torno da
estabilidade cambial e de inflação no médio prazo, bem como as tensões
geopolíticas, continuam a alimentar o apetite dos investidores.
Ainda nos metais preciosos, o banco suíço UBS privilegia os metais do
grupo da platina, em especial o paládio.
Por outro lado, segundo os analistas inquiridos pela Bloomberg, a
prata para entrega imediata (mercado spot) poderá atingir um máximo de
40 dólares por onça em 2011. Este ano, a prata acumula uma subida de
75%.
No que se refere aos metais industriais, o Goldman Sachs sublinha que
as incertezas estruturais estão a dissipar-se com a maior solidez da
retoma económica dos EUA e com o facto de a crise da dívida soberana
na Europa estar a começar a resolver-se. Ordem de preferência: cobre
(para o qual prevêm um preço de 11.000 dólares por tonelada), zinco,
alumínio e níquel.
Já o BarCap sublinha que, com o crescimento económico a surpreender de
novo pelo lado positivo, os novos receios em torno da dívida soberana
têm tido muito menos efeitos sobre a energia ou os metais industriais
do que no início do ano.
Nos metais, o cobre e estanho deverão atingir novos máximos históricos
em 2011, sendo assim os dois "picks" do BarCap no grupo dos metais
industriais, que logo a seguir escolhem o níquel e alumínio.
O cobre é, aliás, o metal que reúne maior consenso entre as grandes
casas de investimento quanto aos metais com mais elevado potencial de
valorização no próximo ano.
E quanto às matérias-primas agrícolas? A opinião é unânime: será o
milho que vai reinar em 2011, sendo essa a exposição preferida da
maioria. A penalização das colheitas no Hemifério Sul devido ao
fenómeno climatérico La Niña é um dos potenciais factores de subida
dos preços.
Os analistas do ramo de investimento do Barclays estão também
positivos – tal como o Goldman - no algodão, porque a oferta é
apertada, os inventários diminuíram e as quotas de exportação limitam
a oferta da Índia. Mas este é o único produto dos mercados agrícolas
para o qual o BarCap não prevê uma procura recorde.
Já os fundamentais do açúcar são positivos, com baixos stocks e forte
procura, mas o aumento das exportações indianas poderá debilitar este
cenário, diz o Barclays Capital.
Segundo o BofA Merrill Lynch e o Goldman, o trigo será o elo mais
fraco em 2011, devido ao aumento da produção, ao facto de os
inventários deverem manter-se relativamente elevados e aos excedentes
de exportação por parte da Europa e América do Sul.
Para o petróleo, os analistas do Goldman estimam que o crescimento da
procura mundial se manterá forte, acima dos dois milhões de barris por
dia. O Barclays Capital faz a mesma previsão quantitativa e destaca
que será a segunda vez em 30 anos que isto acontece. Daqui a 12 meses,
segundo o "outlook" do Goldman Sachs, o WTI [crude de referência dos
EUA] deverá estar nos 105 dólares por barril e o Brent, negociado em
Londres, nos 103,5 dólares.
Os países não-OCDE vão ser o maior motor de crescimento da procura de
crude em 2011, refere por seu lado o BarCap, que recorda que o tempo
extremamente frio no Hemisfério Norte está a fazer subir os preços da
energia e que adverte para o facto de a Nigéria, Iraque e Irão
constituírem as maiores ameaças geopolíticas ao mercado petrolífero no
próximo ano.
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