Ana Isabel Pereira
28 Maio 2016 às 00:15
Na origem da marca D"Uva - Portugal Wine Girls, um chapéu sob o qual oito herdeiras de casas vinícolas, entre os 30 e os 40 anos, prometem valorizar e promover o vinho português, cá dentro e lá fora, está uma reportagem de Fernando Melo.
Ele chamou-lhes "princesas do vinho" e elas lembraram-se de usar esse pretexto para melhor divulgar aquilo que fazem, bem como o vinho português em geral.
São "produtoras que receberam e têm de dar continuidade a projetos vitivinícolas quase como uma herança". Foi nesse sentido que o jornalista e crítico de vinhos lhes colocou o epíteto, explica Catarina Vieira, da Rocim (Herdade do Rocim, no Alentejo, e Vale da Mata, em Lisboa). A enóloga conta que "houve muita gente a falar" desse texto e que foi esse o mote para o que veio a seguir. "O primeiro objetivo é dinamizar as nossas marcas", detalha Mafalda Guedes, que na Herdade do Peso (Sogrape, Alentejo) tem a seu cargo as vendas internacionais.
Rita Cardoso Pinto, da Quinta do Pinto (Lisboa), tem uma resposta mais contundente: "Simplesmente porque juntas somos melhores. Queremos mostrar aquilo que de melhor Portugal tem e um produtor individualmente tem muito mais dificuldade. Juntas conseguimos mostrar a diversidade portuguesa e valorizamos o património vitivinícola e o nosso património".
O facto de serem mulheres parece ser só um "pormenor", embora Maria Manuel Poças Maia note que "a mulher traz algum equilíbrio e sensibilidade ao setor" do vinho. A responsável pela viticultura da Poças Júnior lembra ainda que "o papel da mulher no mundo do trabalho nos dias de hoje" é diferente do que aconteceu no passado e que isso também permite que surjam projetos como o D"Uva. "Oficialmente, não há nada deste género no nosso país. Lá fora, sim", frisa.
"Somos todas mulheres, mas podíamos ser homens", diz, por seu turno, Rita Fino, da Monte da Penha. O objetivo, nota, é "ganhar escala" e "chegar além-fronteiras". Rita Nabeiro, diretora-geral da Adega Mayor, concorda: "A questão da promoção a nível nacional e internacional é o mais importante. E mais do que falar do que não está feito, queremos perceber e trabalhar sobre o que é possível fazer". "Temos muito trabalho a fazer e precisamos de colocar Portugal nas melhores cartas de vinho e de ter nas lojas uma estante com o nome "Portugal" e não "Outras regiões"", completa Francisca Van Zeller, que é responsável pelas vendas e pelo marketing da Quinta Vale D. Maria e da Van Zellers & Co.
Na apresentação das D"Uva, uma das muitas ações que a marca fará e que decorreu no Porto na última terça-feira, faltou uma "princesa": Luísa Amorim, diretora-geral da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo (Douro).
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