sábado, 3 de setembro de 2016

AFIN: Não há fumo sem fogo

INCÊNDIOS FLORESTAIS

Existe  grande  consternação  nacional,  relativamente  ao  que  se  está  a  passar,  com  os  incêndios florestais. A comunicação social tem dado o merecido eco a esta calamidade que ano após ano se abate  sobre  o  nosso  país.Muito  se  fala  agora,  a  todos  os  níveis,  das  vantagens  duma  eficiente prevenção  dos  incêndios  na  floresta.  Reiteradamente  este  assunto  é  muito  falado  enquanto  o fogo  vai  devastando,  quando  ainda  está  tudo  muito  quente,  isto  é,  em  cima  do  acontecimento, atédizem que é no inverno que se combatem os incêndios. Entretanto, no inverno, limitam-se a produzir mais legislação repressiva, sempre no sentido de penalizar o agricultor com coimas mais pesadas, supostamente, para o obrigar a manter a floresta limpa e com baixos índices de energia. A floresta é uma actividade económica e como tal para que os operadores possam tratar dela tem de ser rentável. Aqui é que reside o problema, a demonstrá-lo está o facto dos projectos florestais serem altamente subsidiados e ainda assim os agricultores não investem na floresta.

As   três   principais   fileiras:   Eucalipto,   pinho   bravo   e   sobreiro   os   preços   são   estipulados, unilateralmente,  pela  indústria.  Há  quem  chame  a  isto  concorrência  imperfeita,  eu  chamo-lhe monopólio organizado em cartel. Para controlar os preços baixos fazem importações de produtos florestais,  de  pior  qualidade,  a  preços  mais  elevados.  È  obvio,  que  por  falta  de  rentabilidade existem  dois  milhões  de  hectares  abandonados.  O  peso  económico  da  floresta  tem  vindo  a diminuir  em 1990  o  VAB era  de  1,2%  em  2015  baixou  para  0,6 %.  Não  há mundo  rural vivo sem agricultura  e  floresta.  Não pode  haver mundo  rural  vivo  sem  pessoas  que  dele  vivam  e  sem  que haja  serviços  públicos  que  as  possam  apoiar,  como  sejam  escolas,  postos  médicos,  pequeno comércio  ativo,  transportes  etc.  A políticade  austeridade  concretizada  pelo  anterior  Governo acentuou o abandono e o envelhecimento do mundo rural. 

Para  dar  combate  aos  incêndios,  mais  que  palavras  e  atos  circunstanciais,  são  necessárias medidas concretas; como declarar guerra aos monopólios das fileiras agro-florestais e medidas de rejuvenescimento do mundo rural. 

Com  um  investimento  aproximado  de  60 milhões  de  eurosalocados  àcriação  de  equipas  de sapadores  florestais,  na  perspectiva  de  acções  de  silvicultura  preventiva  permanente,  daria  para criar uma equipade 6 pessoas em cada uma das freguesias rurais de Portugal, com uso e aptidão florestal, criando 6.000 postos de trabalho. Tal "exército" de mão-de-obra empenhadoe a residir nos espaços agro-florestais com as suas famílias seria o garante de uma prevenção eficaz evitando os incêndios florestais. 

 José Mesquita Milheiro
Presidente de Direcção da AFIN

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