A associação ambientalistas Quercus apelou hoje ao ministro da Agricultura para que canalize fundos comunitários destinados ao eucalipto para novas plantações de castanheiros e sobreiros em Bragança.
A posição da Quercus surge com a denúncia de que "dezenas de produtores florestais do Distrito de Bragança estão a receber comunicação de não aprovação de candidaturas que foram submetidas no início de 2016" para novas plantações de espécies típicas da região como sobreiro, castanheiro, pinheiro manso e freixo.
O presidente do Núcleo Regional de Bragança, Leonel Folhento, lamenta a falta de dotação financeira para esta medida de apoio à floresta autóctone, "ainda mais sendo público que, no verão de 2017, foram alocadas verbas no valor de nove milhões de euros para financiar rearborizações de eucaliptos".
"Os governantes continuam a esquecer os locais mais despovoados do interior. Temos de apostar forte no sobreiro no castanheiro", defendeu.
A Quercus sustenta que os produtores de Bragança "esperaram dois anos para saber que não há dinheiro para florestação com autóctones" e considera a decisão do Governo "arrasadora".
"A grande maioria destes proprietários, já com alguma idade, são detentores de mais terrenos arborizados com sobreiros e esta decisão arrasadora em nada anima quem tenta valorizar os terrenos no interior", reitera.
A associação ambientalista entende que "estes proprietários, com estes investimentos de longo prazo, estão a contribuir para a diminuição da desertificação dos solos e do abandono rural" e pede ao ministro da Agricultura e ao primeiro-ministro "que façam inverter esta situação".
A Quercus sugere que "retirem as verbas destinadas às rearborizações com eucaliptos, para que possam ser viabilizados os projetos com sobreiros e outras autóctones no Interior de Portugal".
"É incompreensível que vejamos o ministro da Agricultura a prometer milhões todos os dias para a floresta e depois vemos a realidade desmentir esta retórica", aponta.
A Quercus "lamenta ainda que, depois de intervenções de altos responsáveis políticos, de todos os quadrantes, prometendo políticas de apoio à economia do Interior, travão à desertificação e despovoamento, equilíbrio do território e aposta na floresta autóctone, os factos venham revelar que a aposta ao investimento continua a ser centrada no litoral".
"É inadmissível que os proprietários florestais de Bragança, que despenderam tempo, energia e dinheiro a submeter as suas candidaturas vejam agora as suas expectativas defraudadas", defendeu.
A associação considera ainda que "dois anos para obter uma resposta vão muito para além do que é aceitável", por entender que "este período demasiado longo gora as expectativas dos produtores e das organizações de produtores florestais que ficam, deste modo, de pé atrás em relação a futuras medidas de apoio".
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