Programa nacional prevê que seja criada uma faixa de proteção contra incêndios florestais de 600 quilómetros, mas chuva não deixou avançar mais.
Quando o secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, chega para observar uma ação de fogo controlado na serra de Montemuro, em área do concelho de Lamego, pouco depois das 10 horas da manhã, já se está mesmo no limite da janela de segurança para a realizar. O dia é de primavera, já com 20 graus de temperatura naquele momento e vento a soprar a 28 quilómetros por hora. "Estamos a queimar porque está cá o senhor secretário de Estado. Numa situação normal não queimaríamos porque já começa a ser arriscado", avisa Marília Almeida, da Associação de Produtores Florestais de Montemuro e Paiva, com sede em Castro Daire
Esta técnica está a coordenar aquela ação que ocorre na área da União de Freguesias de Bigorne, Magueija e Pretarouca. Explica ao secretário de Estado que está a ser executada numa faixa da rede primária com cerca de 125 metros, integrada no plano de fogo controlado do Município de Lamego. Foi a primeira parcela selecionada porque tinha tojo, que "neste momento é o que arde melhor". Acrescenta que "a giesta tem muita humidade nesta altura pelo que não arde tão bem". Sendo assim, "só será queimada lá para outubro ou novembro".
Este é apenas um pedaço dos 10 quilómetros de fogo controlado previstos para aquela zona do lado de Lamego, a que se somam mais 20 quilómetros do lado de Castro Daire, com o objetivo de fazer uma faixa de proteção contra incêndios florestais. A nível nacional serão "cerca de 600 quilómetros de rede primária", lembra Miguel Freitas.
Porém, essa meta não será alcançada antes do período mais crítico de incêndios florestais. "Nesta altura estão queimados cerca de 100 quilómetros e falta fazer mais 500 quilómetros de fogo controlado até ao final do ano", adianta o membro do Governo. Justifica que "durante o último mês choveu e não foi possível fazer este tipo de fogo, pelo que a janela de oportunidade vai ser pequena durante este período".
Observando a rapidez com que o fogo progride nesta manhã, Miguel Freitas ainda sublinha a necessidade de este tipo de trabalho ter de ser feito "de forma profissional". Lembra que tem havido vítimas de queimadas ultimamente, pelo que "é preciso transmitir às pessoas que estejam bem informadas e que façam esta ação de forma controlada". Para isso, é necessário "informar a GNR e que sejam acompanhadas pelas entidades competentes".
O secretário de Estado lembra que "há queimadas que não estão a ser feitas no quadro da lei" e que por causa disso, há dias, em Castro Daire, "foram levantados dois autos". A ação a que assistiu em Lamego não só foi acompanhada pela GNR como teve a atuação de duas equipas de bombeiros e uma de sapadores da Associação Florestal Ribaflor de Lamego.
Envolve 6500 hectares
O secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, adianta que a primeira fase do Plano Nacional de Fogo Controlado abriu uma candidatura para 10 mil hectares. Registou 24 candidaturas envolvendo um total de 6500 hectares. Antes do fim deste ano vai ser aberto um novo anúncio.
Faltam técnicos credenciados
Miguel Freitas reconhece que "existem poucos técnicos credenciados", pelo que é necessário fazer "um esforço de formação". Embora ainda se esteja na primeira fase do Programa Nacional de Fogo Controlado, "é importante é que este tipo de trabalho seja contínuo".
Compatibilizar com pastorícia
O secretário de Estado nota que se está a tentar "compatibilizar o uso do fogo controlado e o uso do território para a silvopastorícia". Anunciou que, em breve, vai ser lançado o programa das cabras sapadoras para "compatibilizar e evitar ilícitos nestas ações por parte dos pastores".
Queimadas têm de ser vigiadas
O Governo tem um programa nacional de queimadas que vai abranger 5600 hectares de terrenos e terão de ser sempre vigiadas pelas entidades competentes. Significa que, conjuntamente com o outro programa, "o fogo vai ser usado para controlar cerca de 12 mil hectares".
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