terça-feira, 29 de maio de 2018

Agricultura familiar em Angola afetada pela reduzida participação de jovens e desvalorização do kwanza



O programa de agricultura familiar em Angola, financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), nos últimos 12 anos, ficou afetado pela fraca participação de jovens e a desvalorização da moeda nacional, concluiu a instituição internacional.

Os dados foram avançados hoje, em Luanda, durante um seminário sobre a avaliação da estratégia e do programa do país financiado pelo FIDA, em oito províncias angolanas, promovido pelo Ministério da Agricultura e Florestas de Angola, em parceria com o FIDA.

Na apresentação dos resultados desta avaliação, a consultora líder do Escritório Independente de Avaliação do FIDA, Tullia Aiazzi, referiu que "os jovens tendem a considerar a agricultura não atraente, porque não oferece oportunidade para meios de vida razoáveis".

O "limitado capital humano no país para gerir e fornecer assistência técnica aos projetos, a desvalorização da moeda nacional em 45%, ao longo de oito anos e ainda os custos de gestão de projetos, quase 100% mais altos do que o planeado", foram também apontados como "principais questões" que afetaram a eficiência dos mesmos.

As estratégias e objetivos do FIDA, referiu Tullia Aiazzi, estavam alinhados com a "estratégia de combate à pobreza do Governo angolano revista em 2005, visando questões cruciais nas áreas mais vulneráveis do planalto central".

"Esta abordagem é reconhecida cada vez mais também no Ministério da Agricultura como o caminho a seguir, já que dados recentes confirmam que quase 90% da produção agrícola em Angola provém da agricultura familiar", observou.

Entre as conclusões da avaliação, constam a "necessidade de desenvolvimento intensivo de capacidades a todos os níveis, fortalecendo sobretudo a capacidade, competências e qualificações do pessoal do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) de Angola e dos agricultores participantes".

No entanto, de acordo com a avaliação "até hoje, pouco tem sido feita, para lidar com a escassez de recursos humanos em Angola, que surge sempre que um membro da equipa de um projeto precisa ser recrutado e para apoiar o desenvolvimento de um grupo de profissionais experientes".

Para o FIDA, a estratégia de focalização e dos enfoques de implementação de projetos devem integrar plenamente uma perspetiva de equidade de género e promover ativamente o empoderamento social e económico das mulheres".

"Criar oportunidades sustentáveis e atraentes no meio rural para jovens, promovendo seu acesso a oportunidades de desenvolvimento de capacidades, recursos financeiros e meio de vida sustentáveis e ainda reforçar sua capacidade de apoio à implementação e diálogo sobre políticas do país", aponta.

O FIDA iniciou a sua colaboração com Angola em 1989 e no final de 2017 havia aprovado sete empréstimos e subvenções associados, em apoio a uma carteira no valor total de 135,3 milhões de dólares.

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