segunda-feira, 28 de maio de 2018

Portugal necessita de investimento para ser preponderante no setor agrícola - Vitacress


O diretor-geral da Vitacress considerou hoje, em declarações à Lusa, que Portugal ainda não é preponderante no setor agrícola, devido à falta de investimento e aos anos de abandono da atividade.

"Infelizmente, a marca Portugal no setor agrícola ainda não tem a preponderância que esperamos que venha a ter", disse à Lusa Luís Mesquita Dias.

Segundo o responsável, durante muitos anos, a agricultura nacional esteve "bastante abandonada", permitindo que outros operadores, como Espanha e Itália, ganhassem espaço no mercado.

No entanto, Luís Mesquita Dias defende que Portugal nunca terá capacidade para grandes quantidades de produção, conseguindo distinguir-se através da aposta na qualidade dos produtos.

Para o diretor-geral da Vitacress, são necessários mais investimentos, por exemplo, na promoção dos produtos portugueses em feiras internacionais.

"Faltam ainda muitos recursos para apostar nos mercados externos. As presenças [internacionais] custam muito dinheiro e, se compararmos o nosso setor ao do vinho, os investimentos [do setor vinícola] são muitíssimo superiores aos que os hortofrutícolas fazem e, no entanto, os hortofrutícolas exportam quase o dobro que o vinho", explicou.

De acordo com Luís Mesquita Dias, as ações realizadas até agora demonstram que Portugal "tira partido do dinheiro investido no mercado", mas, se houvesse um aumento significativo nos investimentos, "os resultados seriam maiores".

No que concerne à atividade da Vitacress, apesar de não adiantar números, Luís Mesquita Dias, diz que, em 2017, a marca registou "um crescimento significativo de dois dígitos a nível da faturação".

Por sua vez, as exportações, que representam entre 30% e 35% do volume de vendas da empresa do grupo RAR, ou seja, cerca de oito ou nove milhões de euros, não têm sido o principal foco da Vitacress, devido "ao ritmo de crescimento do mercado nacional".

"O setor das saladas prontas a consumir tem crescido de tal maneira que nem sempre tem sido fácil para nós, quer a nível de campo quer da unidade de embalamento, acompanhar esse crescimento, libertando-nos capacidade excendentária para exportação", referiu.

Entre os principais mercados de exportação da marca encontram-se Inglaterra, onde nasceu a empresa, Espanha, Alemanha e, mais recentemente, a Noruega.

Já a produção biológica, apesar de ainda não ter um peso muito grande, "representa uma fatia interessante", tendo em conta o facto de se tratar de uma área "difícil, devido aos constrangimentos que lhe estão associados".

Quanto a 2018, o responsável antevê que o negócio da marca continue a crescer, apesar de notar dificuldades em fazer previsões tendo em conta a "volatilidade e incerteza do setor".

"Até ao momento, o ano correu sem grandes sobressaltos, apesar de algumas semanas de chuva intensa que provocaram estragos. [No entanto], é um negócio de volatilidade e incerteza e temos que ter uma reação rápida", concluiu.

O grupo Vitacress, cuja atividade nacional teve início nos anos 80, tem uma quota de mercado de cerca de 35%, explorando à volta de 250 hectares de terrenos agrícolas e empregando, sensivelmente, 400 trabalhadores, maioritariamente, na zona de Odemira, distrito de Beja.

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