A organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) incluiu Cabo Verde na lista de países a necessitar de assistência alimentar externa, mas as autoridades cabo-verdianas asseguram que a situação não é de crise alimentar.
De acordo com o mais recente relatório da organização sobre colheitas e situação alimentar no mundo, o agravamento de conflitos e as condições climáticas adversas aumentaram para 39 o número de países a necessitar de ajuda alimentar externa.
"A lista inclui agora 39 países, mais dois do que em março, com a entrada de Cabo Verde e Senegal", adianta a FAO.
Cabo Verde é colocado entre os países com "quebra excecional de produção de alimentos", apontando o relatório o fraco ano agrícola de 2017 e a "significativa perda" de cabeças de gado.
A FAO estima em 192 mil (35% da população), o número de pessoas a necessitar de assistência alimentar entre março e maio, sobretudo devido aos défices de produção agrícola e pecuária.
A FAO prevê que, entre junho e agosto, a habitual época das chuvas, esse número possa descer para as 80 mil pessoas.
De visita a São Tomé e Príncipe, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva assegurou que o país não está a atravessar uma crise alimentar.
"Não há um problema de emergência alimentar, quer dizer de crise de alimentos para os cabo-verdianos, isto não existe", disse Correia e Silva em declarações à Televisão de Cabo Verde (TCV).
Para Ulisses Correia e Silva, a integração na referida lista resulta "do impacto da produção agrícola e pecuária e o efeito direto nas pessoas que vivem dessas atividades, devido, principalmente, ao mau ano agrícola de 2017".
Dos 39 países da lista, 31 localizam-se em África e, entre os países lusófonos, além de Cabo Verde consta também Moçambique.
Os conflitos persistentes e a queda irregular de chuva originaram uma quebra recorde de 1,5% na produção anual de cereais a nível mundial.
Cabo Verde atravessa uma das piores secas das últimas décadas, tendo em aplicação um programa de emergência para o qual mobilizou 10 milhões de euros junto dos parceiros internacionais.
A maior fatia foi disponibilizada pela União Europeia, que deu um apoio de 7 milhões de euros para o programa, que inclui ainda contribuições do Banco Africano de Desenvolvimento a título individual e em parceria com a FAO (2,2 milhões de euros), Luxemburgo (500 mil euros), Itália (300 mil euros) e Bélgica (170 mil euros), Espanha (50 mil euros) e Estados Unidos (42 mil euros). A estes valores juntam-se mais 100 milhões de escudos (906 mil euros) do Orçamento do Estado para 2018.
O programa de emergência tem como medidas prioritárias o salvamento de gado, mobilização de água, acesso a financiamento e criação de emprego no meio rural, mas têm surgido queixas de agricultores e criadores de gado de que as medidas são insuficientes.
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