O ministro da Agricultura de Angola disse hoje, em Lisboa, que o seu país está empenhado em valorizar a agricultura familiar, nomeadamente através de créditos, da facilitação do escoamento da produção e da promoção da mecanização neste setor.
20 Julho 2018 — 16:00
"Temos que realçar que Angola está a fazer um intenso trabalho, principalmente, (...) a estruturar o crédito a nível dos camponeses, aumentar os fatores de produção, buscar esquemas de comercialização que facilitam a extração da produção. Essa é uma produção pequena e muitas vezes tem dificuldades para colocar a sua produção nas grandes superfícies", afirmou Marcos Alexandre Nhunga.
Para Nhunga, os governos têm a necessidade de estabelecer mecanismos para que esta produção possa ser extrativa e, no caso de Angola, "é muito importante porque (a agricultura familiar) são os responsáveis pela maior produção do nosso país".
O ministro da Agricultura e Florestas de Angola falou hoje à agência Lusa após um encontro como o seu homólogo português, Luís Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.
O responsável angolano esclareceu que o reforço do empenho no apoio à agricultura familiar no seu país está ligado à assinatura da "Carta de Lisboa".
O representante angolano assinou hoje a "Carta de Lisboa pelo Fortalecimento da Agricultura Familiar", um documento cuja cerimónia de assinatura teve lugar durante a Reunião de Alto Nível sobre a Agricultura Familiar que decorreu em Lisboa, em fevereiro, envolvendo todos os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), mas na qual Angola não participou naquela oportunidade.
A "Carta de Lisboa", que resultou da reunião ministerial da CPLP em fevereiro, é um conjunto de diretrizes políticas para a aplicação prática nos Estados-membros da pequena agricultura familiar.
"Tomado o conhecimento da Carta de Lisboa, volto a afirmar a posição do Executivo angolano e transmitir que, em Angola, a agricultura familiar é a nossa base, que é responsável pela produção de mais de 80% daquilo que se consome em Angola".
"O que nós vamos fazer é trabalhar no sentido de cumprir com os 17 compromissos assumidos (na Carta). O que estamos a fazer para cumprir estes compromissos? Estamos a fazer mais debates para relevar o papel da agricultura familiar a nível do nosso país e da CPLP", sublinhou ainda.
Para Nhunga, a agricultura familiar tem também um papel fundamental na agenda 2030 das Nações Unidas.
"Queremos trabalhar no sentido que, na base deste debate, se possa promover ações que possam criar uma agricultura muito mais sustentável a nível deste grupo importante na produção agrícola", adiantou o político angolano.
"Angola está muito empenhado nisso, introduzindo também alguma componente forte de mecanização na agricultura angolana, porque não podemos continuar a trabalhar e a pensar nas enxadas. Temos que introduzir a mecanização na agricultura familiar para aliviar o trabalho das mulheres, que são fundamentalmente as que trabalham (neste setor) e maior tempo para cuidar das suas crianças", indicou ainda o ministro angolano.
O ministro Capoulas Santos referiu que já existem "alguns projetos em fase adiantada de cooperação" neste âmbito entre Portugal e Angola e que "uma cooperação só é produtiva quando funcionam nos dois sentidos".
"Nós estamos interessados, naturalmente, que empresários portugueses possam instalar-se em Angola, como estamos interessados que empresários angolanos se instalem em Portugal, assim como estamos interessados em estimular o comércio agrícola nos dois sentidos", disse Capoulas Santos.
Para o ministro português, a curto prazo, Angola será um fornecedor de bens agrícolas para Portugal e os portugueses continuarão a ser fornecedores de Angola, pois o país africano já é um dos principais clientes de Portugal neste setor.
"É uma cooperação que temos vindo a estabelecer e que agora temos condições políticas fantásticas para expandir, porque penso que isso é do interesse dos dois países", sublinhou Capoulas Santos.
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