domingo, 28 de novembro de 2010

Pão vai aumentar 12% em Janeiro

Industriais dizem que aumentos são inevitáveis, falam em despedimentos
e pedem à Autoridade da Concorrência vigilância ao 'dumping' dos
híperes.

Por:Secundino Cunha




O disparar do preço das farinhas nos mercados internacionais vai
obrigar os industriais da panificação portugueses a aumentar o pão em
doze por cento no início do próximo ano, passando o preço médio da
carcaça de 14 para 16 cêntimos.
O custo da farinha subiu, em apenas dois meses, mais de 40 por cento,
tendo passado de 260 para 370 euros a tonelada, o que obriga os
industriais a actualizarem as tabelas, sobretudo na Região Norte do
País, onde os preços são mais baixos e a carcaça custa entre 10 e 12
cêntimos.
"Isto está assustador. A farinha não pára de aumentar e as
perspectivas para o próximo ano são as piores; os combustíveis é o que
se vê, e nós ficamos entre a espada e a parede", disse ao CM Luís
Borges, um dos maiores industriais de panificação do País, para quem
"aumentar os preços é inevitável, com a consequência de vermos as
vendas baixarem imenso".
"Eu tenho 87 funcionários e 18 carros na rua a distribuir pão.
Prevejo, devo confessar, que em Janeiro terei de cortar na
distribuição para 12 carros e despedir dez pessoas", disse este
industrial, lamentando que "as autoridades não vejam as situações de
concorrência desleal a que se assiste neste sector".
Para Carlos Santos, presidente da Associação do Comércio e Indústria
da Panificação, "o problema mais complexo, para além dos preços
incomportáveis ao nível da produção, está no facto de a Autoridade da
Concorrência não actuar sobre os casos de 'dumping' praticados pelas
grandes-superfícies, onde o pão é usado como isco de clientela e
vendido muito abaixo dos custos".
"Na padaria, as contas são fáceis de fazer: vê-se o custo da farinha e
multiplica-se por quatro. Ora, se a farinha já representa 3,5 cêntimos
por carcaça, como pode vender-se o pão a cinco ou seis cêntimos? Isto
está a destruir o sector", afirma Carlos Santos.
Assim, em Janeiro, nas padarias, a carcaça vai custar 13 cêntimos em
Braga e no Porto, 14 em Aveiro, 15 em Leiria, 16 em Coimbra, 17 em
Setúbal e Santarém e 18 em Lisboa e no Algarve.
PREÇOS DO LEITE NÃO MEXEM ATÉ MARÇO DE 2011
O leite Agros ou Mimosa meio-gordo, os mais vendidos, vão manter os 59
cêntimos por litro, pelo menos até Março do próximo ano. Casimiro de
Almeida, presidente da Lactogal, que fornece à distribuição quase 70
por cento do leite que se consome em Portugal, disse ao CM que "as
tabelas da Lactogal vão manter-se pelo menos até ao final do primeiro
trimestre", acrescentando que "o mais certo é que a distribuição não
mexa nos preços". Também José Oliveira, presidente da Leicar,
considera que "antes de Maio os preços não vão mexer".


http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentid=326CA232-46C6-4550-B8D2-A1636DFEE970&channelid=00000181-0000-0000-0000-000000000181

Sem comentários:

Enviar um comentário