Publicado em 2013-08-08
foto GLOBAL IMAGENS/ARQUIVO
Chegas de Bois atraiu mais de mil pessoas a Montalegre
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A final do campeonato de Chegas de Bois de Montalegre, desporto-rei da
região, atraiu, esta quinta-feira, mais de mil pessoas ao "chegódromo"
que, entre aplausos e gargalhadas, gritavam pelos touros finalistas
com mais de uma tonelada.
Desde 9 de junho, as tardes de domingo são sinónimas de romaria nesta
vila de Trás-os-Montes. No recinto próprio para a luta dos animais -
"chegódromo" - os bois de raça barrosã são colocados frente a frente,
entrelaçam os cornos, afastam-se e voltam ao confronto que termina
quando um dos touros foge, assumindo a derrota.
A tradição é antiga, passa de geração em geração e atrai pessoas como
se de um jogo de futebol se tratasse com primeira e segunda jornada,
quartos-de-final, meias-finais e final.
Apesar do calor, miúdos e graúdos acorreram ao recinto e comentavam,
em várias línguas, as "cornadas" dos animais.
Ma final, depois de dois minutos de confronto, foi conhecido o boi
vencedor que, para muitos, foi uma surpresa.
"Se o outro touro não cai e foge, este não ganhava", ouvia-se entre os
espetadores.
O proprietário do boi vencedor, José Martins, confessou estar à espera
da vitória, apesar de ter estado toda a chega com o "coração nas
mãos", porque o adversário era "muito forte".
Afinal, disse surpreendido, "foi uma chega fácil".
Não revelando a tática da vitória, José Martins avançou que, antes de
entrar em campo, diz ao animal "é boi" e ele, habituado a estes
palcos, sabe o que fazer.
O produtor referiu já ter chegado a outras finais, mas nunca ganhou,
sendo este o primeiro prémio do seu currículo.
Com 44 anos, o vencedor sempre teve touros, herança que quer preservar
e, prova disso, é o filho já o acompanhar.
"Toco e berro ao boi", explicou à Lusa o filho do criador, Pedro
Martins de oito anos.
Destemido e de varra na mão, o rapaz entrou no "chegódromo" com o pai
e, nervoso, foi gritando "vai".
Quando crescer, Pedro Martins não quer ser jogador de futebol, mas
produtor de gado.
Os emigrantes não esqueceram as tradições e de gorros e t-shirts com
as cores de Portugal não se inibiram de fazer comentários.
A viver na França, Mário Dias confessou que não perde uma chega porque
é uma "tradição de Portugal e da aldeia".
De férias em Montalegre e de cão ao colo, Inês Rocha comentava que "de
vez em quando" vem com o pai às chegas para ver os bois
"escornarem-se".
"Sempre vim ver chegas porque é a altura de reaver pessoas e dar a
conhecer a tradição aos garotos", afiançou à Lusa Jorge Martins, a
residir em França.
A filha, apesar de falar pouco português, afirmou "adorar" as chegas.
Organizadas pela Associação "O Boi do Povo", as chegas têm por
objetivo preservar uma tradição e a raça barrosã, em vias de extinção,
bem como atrair pessoas a Montalegre.
"Juntamos mais de mil pessoas nas chegas. Isto parece mesmo um
campeonato do mundo", rematou.
Este ano, acrescentou, houve uma diminuição no número de espetadores
devido à chuva, frio e preço dos bilhetes que subiu de cinco para dez
euros.
Independentemente do resultado da chega, cada animal recebeu 500 euros
e o finalista arrecadou 750 euros.
O "chegódromo" tem, numa carrinha improvisada, cervejas, sumos, água e
tremoços à venda e, para distrair os espetadores no intervalo, um ecrã
com chegas de anos anteriores.
http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Vila%20Real&Concelho=Montalegre&Option=Interior&content_id=3363841&page=-1
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