Publicado ontem
foto JOANA SOUSA/ASPRESS/GLOBAL IMAGENS
Cinquenta hectares de mato e floresta arderam na sequência do incêndio
que lavra desde as 02:30 desta sexta-feira no concelho do Funchal,
anunciou o presidente da câmara, que atribuiu o aparecimento de novos
focos a "fogo posto".
"A área ardida anda à volta de 50 hectares, não há danos materiais
relevantes a apontar, com exceção de alguns anexos de habitação",
disse aos jornalistas Miguel Albuquerque, no final de uma reunião da
Comissão Municipal de Proteção Civil, no quartel dos Bombeiros
Municipais do Funchal, na qual se decidiu acionar o Plano Municipal de
Emergência.
Miguel Albuquerque, que interrompeu as férias para acompanhar a
situação dos incêndios, adiantou que arderam dois por cento do Parque
Ecológico do Funchal, com uma área de 1.012 hectares.
O responsável explicou que a decisão de ativar o Plano Municipal de
Emergência de Proteção Civil surgiu depois do aparecimento de três
novos incêndios, "simultaneamente", que alastraram o fogo da freguesia
do Monte à de São Roque.
"[O plano] é um elemento muito importante porque permite conjugar um
conjunto de procedimentos com um conjunto de entidades que são
fundamentais no combate e na prevenção dos fogos", justificou o
responsável máximo da Proteção Civil no concelho.
O autarca considerou o aparecimento dos novos focos - no Galeão, na
Cova e no Sítio da Alegria - uma situação "muito estranha", o que, no
seu entender, "aponta para fogo posto".
"Esses focos surgem espontaneamente, tudo aponta para fogo posto mas
não posso confirmar", declarou, referindo que a situação obrigou a
deslocar novamente meios, incluindo da Cruz Vermelha Portuguesa e do
Exército, "com intervenção de 100 homens".
O presidente do município admitiu que estes incêndios "ainda [às 19.40
horas] não estão circunscritos", pelo que é uma "zona de combate
prioritária".
"Vamos ter uma noite novamente de trabalho, de prevenção e combate
destes fogos. Vamos ver como o tempo evolui, estamos muito
condicionados ao vento", reconheceu, garantindo: "A nossa prioridade
será a salvaguarda da integridade física das pessoas e das suas
habitações".
No caso dos fogos que estão controlados e em fase de rescaldo, no
Monte, os bombeiros vão fazer prevenção porque neste momento nada está
garantido, admitiu, alertando: "Neste momento não há populações em
perigo mas há o potencial de o fogo poder alastrar muito rapidamente,
basta o vento aumentar".
Confrontado com críticas relacionadas com a ausência de limpeza de
terrenos em espaço urbano, Miguel Albuquerque referiu que se tratam de
áreas privadas, observando que há no concelho outras condicionantes
que facilitam a propagação do fogo, como as plantas infestantes.
O incêndio começou às 02:30, na freguesia do Monte, e destruiu alguns
anexos e palheiros, além de mato e área florestal, tendo-se agravado
ao início da tarde, passando para as zonas altas da freguesia de São
Roque, onde surgiram novos focos.
O incêndio atingiu o Parque Ecológico de Funchal, criado em 1994, por
iniciativa da Câmara Municipal do Funchal, tem como objetivos a
conservação da natureza, a promoção da educação ambiental e a
disponibilização de infraestruturas para o recreio e lazer dos
visitantes.
Em agosto de 2010, um incêndio destruiu 95% dos 1.012 hectares do
Parque Ecológico, que tem sido, desde então, alvo de projetos de
reflorestação.
O parque, Desenvolve-se em terreno montanhoso, a norte da cidade do
Funchal, entre os 470 metros de altitude na ribeira Santa Luzia e os
1.818 metros de altitude do Pico do Areeiro.
Oito pessoas foram transportadas para o Hospital Dr. Nélio Mendonça,
mas sem ferimentos graves.
A combater o fogo estão cerca de 70 elementos das corporações dos
Municipais do Funchal, Voluntários Madeirenses, Voluntários de Câmara
de Lobos e, ainda, as corporações de Machico, Santa Cruz e Ribeira
Brava, além da Polícia Florestal.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3374575&page=-1
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