quarta-feira, 14 de março de 2018

Em 10 dias choveu o dobro da média para o mês de março

A ponte de Rio Mourinho em setembro e agora, depois da chuva de março. O ministro da Agricultura, Capoulas Santos partilhou há dias no Facebook a última foto

A norte do Tejo, as barragens estão a recuperar as suas disponibilidades de água, mas a sul ainda persistem problemas. Na agropecuária as perspetivas estão agora mais positivas

Nos primeiros 10 dias de março já choveu "praticamente o dobro do que é habitual em março", afirmou ao DN o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, sublinhando que as expectativas são de "mais pluviosidade até ao final da primavera", o que "dá alguma tranquilidade de que as culturas de primavera/verão vão poder realizar-se". A seca, porém, ainda não é passado, avisa o governante.

A chuva que caiu desde o início do mês "ainda não é o fim do problema da seca, mas é já parte da sua resolução", resume o ministro.

A precipitação média para o mês de março é da ordem dos 61 milímetros e as estimativas feitas anteriormente mostravam que, para que a situação de seca fosse ultrapassada, seria necessário que ao longo deste mês se registasse cerca do dobro da sua pluviosidade habitual - isso já ficou cumprido nestes primeiros 10 dias -, sendo necessário também que abril registe precipitação acima da média. Se vai ser assim, não é possível dizer com certezas absolutas, mas as previsões, pelo menos até dia 18, são de continuação da chuva.


A ponte de Rio Mourinho em setembro e agora, depois da chuva de março. O ministro da Agricultura, Capoulas Santos partilhou há dias no Facebook a última foto
A tempestade Félix atinge Portugal este fim de semana e só dá tréguas a partir de amanhã, mas na logo quarta-feira prevê-se novo agravamento da meteorologia, com possibilidade de mais vento e agitação marítima. E a chuva é para continuar até ao próximo fim de semana, segundo o IPMA.

Com esta precipitação desde o final de fevereiro, "as barragens estão a ganhar volume a norte do Tejo", mas no sul do país "subsistem problemas, particularmente na baía do Sado", garante o ministro da Agricultura, ressalvando que "ainda estamos longe de ter o armazenamento ideal no país".

Os dados mais recentes sobre as reservas das albufeiras, desta sexta-feira, mostram que, das 61 monitorizadas, 10 já apresentam disponibilidades superiores a 80% do seu volume total, (são agora mais cinco do que em 28 de fevereiro) enquanto 12 mantêm volumes inferiores a 40% - no início do mês, eram 23.

A situação continua por resolver nas regiões do sul, particularmente, na bacia do Sado, onde persistem oito albufeiras nessa situação, como Campilhas, com apenas 7% do total das suas disponibilidades, Monte da Rocha (10%), Monte Miguéis (12%) ou Vale de Gaio (22%). Já na bacia do Tejo, a albufeira mais depauperada é a de Divor, com 16% do volume, e na bacia do Guadiana há três com níveis abaixo dos 28%.

Apesar disso, com a precipitação a manter-se, bem como as medidas de precaução no consumo, a situação poderá evoluir favoravelmente nestas albufeiras também nas próximas semanas.

Para a agricultura, esta precipitação "é ouro a cair do céu para as pastagens, como dizem os agricultores", refere Capoulas Santos. Não estão só em causa as repercussões negativas da escassez de água nas culturas propriamente ditas, mas também na pecuária. "Estas chuvas estão a ajudar a armazenar água nos locais onde os animais bebem", sublinha o governante. "Não se resolve tudo, mas contribui para resolver alguns problemas".

A situação problemática do abeberamento para o gado "tem quase dois anos", adianta Capoulas Santos. E "as primeiras medidas" para fazer fazer face à falta de água para o gado "foram tomadas em outubro de 2016", quando o problema se colocou em "nove municípios do distrito de Beja".

Entretanto, no último ano e meio a seca intensificou-se e alastrou com a falta de precipitação e chegou às regiões de Évora, Portalegre, parte de Setúbal, Guarda, Braga. Ao ministério chegaram pedidos de apoio de 1700 explorações agrícolas. "Temos 1500 desses projetos aprovados e contratados, em que os agricultores podem ser ressarcidos de imediato, num investimento de 13 milhões de euros", sublinha Capoulas Santos.

Na agricultura, as sementeiras de primavera ainda não se iniciaram, mas esta chuva, que está a beneficiar, com a humidade no solo, as culturas permanentes, como a vinha, pomares ou olivais "dá-nos esperança também para elas", conclui o ministro.

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