Pequeno-almoço no McDonald's do estado norte-americano do Havai é
composto por ovos, arroz e... linguiça dos Açores.
Lusa
12:03 Sexta feira, 23 de agosto de 2013
Getty Linguiça de São Miguel está na cadeia de fast food no Havai há três anos
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Os milhares de açorianos que no século XIX emigraram para o Havai
deixaram marcas no arquipélago norte-americano que ainda hoje se
mantêm. Uma das mais recentes é a venda da tradicional linguiça de São
Miguel nos restaurantes McDonalds.
"A linguiça de São Miguel é vendida ao pequeno-almoço no McDonalds há
cerca de três anos e é acompanhada de arroz e dois ovos estrelados.
Alguns gostam de adicionar sal ao arroz", explica à agência Lusa
Fátima Cameron, de 73 anos, natural da ilha Terceira, emigrada há 40
anos, residente em Maui e dos poucos emigrantes portugueses que ainda
mantêm a língua naquele estado norte-americano.
O menu da salsicha portuguesa (veja aqui o prato ) é vendido
exclusivamente nos restaurantes McDonald's no Havai, não existindo em
mais nenhum dos estabelecimentos de fast food da marca.
Cerca de 12 mil emigrantes dos Açores e Madeira chegaram ao Havai
entre 1878 e 1888, na sua maioria originários da ilha de São Miguel,
para trabalharem na cana-de-açúcar, deixando a sua presença cultural
até hoje, mas sem preservarem a língua.
"Poucas pessoas falam o português. Os descendentes só sabem palavras
como pão doce, referindo-se à massa sovada, bacalhau e linguiça, bem
como malassadas, que se continua a fazer no Havai e são consumidas por
todos os habitantes, e pouco mais do que isso", refere Fátima Cameron.
Fátima Cameron explica que os descendentes de portugueses no Havai têm
por hábito fazer também vinha de alhos para usar na carne de porco,
uma tradição também da ilha de São Miguel, mas que apenas surge no
Natal.
Audrey Rocha Reed, que foi CEO da J.Walter Cameron Center, uma
organização sem fins lucrativos, reformada desde 2007, afirma que
existem atualmente "muitos poucos descendentes" de portugueses de
origem açoriana ou madeirense ainda vivos no Havai, estimando-se que
sete por cento da população seja de origem lusa.
Presença açoriana no Havai
Audrey Reed destaca que para além da culinária, a presença dos Açores
faz-se sentir através das festas do Espírito Santo, com a
particularidade da maior parte dos rancheiros não serem de origem
portuguesa nem católicos.
Audrey Reed revela que a ilha de Maui vai possuir "em breve" um centro
cultural português, o primeiro no Hawai, que será construído com
fundos públicos do governo do arquipélago e do condado (Maui), devendo
estar concluído em agosto de 2014.
"O centro irá dispor de cerâmica, livros, vídeos, jogos para crianças,
entre outros produtos culturais, a par de informação genealógica sobre
as famílias portuguesas que se instalaram no Hawai durante o período
de 1878 e 1913, quando a emigração começou oficialmente e acabou",
refere.
"Se a cultura portuguesa no Havai está viva? Sim e não! A língua
desapareceu para a maior parte, daí que seja difícil manter uma
cultura sem a língua", declara Audrey Reed.
Audrey Reed, que é produtora do único programa de rádio português que
resta no Havai, refere que tem música do todo o mundo que fala
português.
"Adoro, especialmente a música dos Açores e Madeira. Amigos enviam-me
CD e eu costumo também encomendar à casa Furtado's, em San José,
Califórnia", conclui Audrey Reed.
http://expresso.sapo.pt/linguica-portuguesa-no-mcdonalds-do-havai=f827060
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